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Transporte gratuito do Governo do Acre para o Dom Bosco garante inclusão a alunos com deficiência e revoluciona educação

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Governo do Acre garante transporte para famílias que precisam ir ao Dom Bosco (Foto: Dry Alves/Na Hora da Notícia)

Quando o assunto é família atípica, nas quais os filhos têm um desenvolvimento diferente do padrão considerado “normal”, já é de se imaginar que a rotina não é fácil. Se a condição financeira não supre as necessidades básicas das demandas de uma pessoa com deficiência, a situação é ainda mais crítica. O acesso à educação, por exemplo, é um desafio à parte.

Porém, no Acre, uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação (SEE), que oferece transporte gratuito a esse público, tem mudado histórias e revolucionado a educação. Um dos locais beneficiados é o Centro de Educação Especial Dom Bosco, em Rio Branco (AC), que atende, em média, 400 alunos com as mais diversas necessidades educacionais e múltiplas. Desses, 250 fazem uso do transporte gratuito, com rotas diárias realizadas para buscar e deixá-los em casa.

Transporte gratuito ajuda famílias que precisam ir ao Centro Dom Bosco (Foto: Dry Alves/Na Hora da Notícia)

Ao Na Hora da Notícia, o secretário de Educação, Aberson Carvalho, informou que somente nas frotas de transporte do Centro foram investidos mais de R$ 5 milhões. Ele ressalta ainda que nesse valor não é incluso as outras despesas que são necessárias para a manutenção dos veículos, como combustível, reparos, pagamento dos motoristas e monitores.

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“Tem um conjunto de investimento que é feito no Dom Bosco. O transporte é uma ação onde o Estado busca garantir o acesso à inclusão daqueles que precisam. Neste ano de 2023, por exemplo, entregamos fardamento e material escolar aos alunos, temos um investimento e um cuidado com eles, pois muitos são alunos estão lá por uma vida”, afirma o secretário.

Para Carvalho, esta é uma sensibilidade do governador Gladson Cameli em acolher, atender e compreender que o investimento na educação é de inclusão, desenvolvimento e acompanhamento.

Rotas diárias

A gestora do Dom Bosco, Valéria da Silva, informou que, atualmente, oito micro-ônibus realizam as rotas nos períodos da manhã e tarde, e além de transportar o aluno de casa até o Dom Bosco, também garante transportes às mães que fazem acompanhamento das crianças no Centro Especializado em Reabilitação (CER III).

A assessoria de comunicação da SEE informou que o valor do combustível utilizado pelos ônibus mensalmente gira em torno de R$ 40 mil, e que os veículos são utilizados para fazer as rotas do aluno de casa ao Dom Bosco, como também nos acompanhamentos médicos, que variam de consultas e atendimentos.

Vale ressaltar que, para ter direito ao uso do transporte, é necessário ser aluno do Centro Educacional, no entanto, a unidade está em sua capacidade máxima.

Para a gestora, ofertar um meio de transporte gratuito é importante para as famílias, e auxilia na parte financeira.

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“Além da questão financeira, elas podem realizar atendimentos aqui e depois seguir para o atendimento do CER, ou vice-versa. Ao finalizar, são levadas para casa. A maioria das mães é carente e, às vezes, têm mais de um ou dois filhos, dependem de benefício e se tivessem que pagar transporte todos os dias seria muito difícil. Há mães que precisam trazer até duas crianças, pois não tem com quem deixar, esse é um dos grandes benefícios”, destaca.

Valéria conta ainda que o Centro oferta lanches que são servidos para pais e alunos, e isso também é uma ajuda e incentivo fundamental.

“Não temos almoço, mas, tem café da manhã e lanche às 9h, às 13h e outro às 15h. Isso ajuda as famílias e as crianças. A gente sabe das dificuldades, temos demandas de famílias bem carentes, que temos que estar presentes para ajudar”, diz a gestora.

‘Facilita a vida’

A reportagem conversou com os pais que fazem uso do transporte, que relatam as vantagens de poder contar com esse apoio para levar os filhos às terapias.

Andressa Sussuarana, de 29 anos, mora do Apolônio Sales e tem cinco filhos. Um deles é o pequeno Arthur Miguel Sussuarana de Oliveira, de 4 anos, diagnosticado com epilepsia e está sob investigação de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Ela diz que usa o transporte para ir somente ao Dom Bosco, uma vez que o filho aguarda em uma lista de espera para fazer terapias no CER.

“Venho duas vezes por semana. Poder utilizar o ônibus facilita muito a minha vida, pois eu não tenho dinheiro toda vez que ele precisa ir ao Dom Bosco. E o motorista busca e deixa a gente na porta de casa”, diz a mãe que iniciou os atendimentos há seis meses por indicação médica.

Andressa destaca a importância do transporte para levar seu filho, Arthur, ao Dom Bosco (Foto: Cedida)

Diferente de Andressa, Diana Silva Fontinele, 34 anos, é mãe de Rafael Fontinele da Silva, de 14 anos. Moradores da Vila Acre, no Segundo Distrito de Rio Branco, eles fazem uso do transporte há, pelo menos, oito anos. À reportagem, ela relembrou o quanto evoluiu e melhorou as condições para as mães.

“No início era em uma Kombi, não buscava na porta de casa. Mas, tinha a hora certinha de buscar na principal, e, isso era bom para que eu pudesse me programar e chegar ao ponto na hora certa. Depois era um ônibus e pegava mais mães. Teve uma época da van, até que iniciou o micro-ônibus, que é mais confortável e tem espaço para os cadeirantes. Sem contar que se eu fosse de Uber da minha casa para o CER, como já cheguei a fazer, é, no mínimo, R$ 60, somando ida e volta. Imagina isso duas vezes na semana, quatro semanas por mês? É muito caro para quem recebe benefício. O bom do micro-ônibus foi que melhorou ainda mais, pois regionalizou e para cada região foi um transporte”, contou.

Diana e o filho moram na Vila Acre e utilizam o transporte gratuito para chegar ao Dom Bosco (Foto: Cedida)

Diana relatou ainda que utilizar o meio de transporte disponível pela unidade de educação é muito melhor para ela e o filho Rafael, que é autista e não se sente bem em aglomerações por ser um gatilho para que tenha crises.

“Ir para o Terminal Urbano é muito complicado não só pela demora, mas, as pessoas não entendem que meu filho é autista, e é muito estímulo para ele por conta das cores, barulho, muita gente olhando. Tudo isso faz mal para ele. Ao entrar no ônibus, ele quer sentar e mesmo eu explicando, não compreende e as pessoas não entendem. Quando é criança, existe uma ‘facilidade’ porque entendem que é criança e é autista, mas, na adolescência tudo complica. Por isso, andar no transporte tem vantagens, além de não ter o gasto financeiro, tem ainda a parceria entre CER e Dom Bosco que facilitou tanto a saúde como a educação”, diz a mãe.

Transporte ajudou e facilitou a vida de Diana e de Rafael (Foto: Cedida)

Parceria

Sobre a parceria entre os Centros, Cinthia Brasil, gerente de assistência do CER III, pontua que os pacientes que fazem uso do transporte para ir para o Centro são os matriculados no Dom Bosco.

“Antes, esses dois atendimentos, tanto de saúde como de educação eram feitos no Dom Bosco. O Governo entregou o prédio novo e desmembrou o serviço e fizeram essa parceria, incluindo o CER na rota para que não deixasse de atender as demandas das crianças matriculadas naquela unidade”, afirma.

Oito ônibus fazem os transporte de alunos e pais (Foto: Dry Alves/Na Hora da Notícia)

A parceria beneficia as famílias sem distinção de diagnóstico, a exemplo de Jocinete Mota, 39 anos, mãe do Benjamin Mota, de 4, que é autista. A Tayane Costa de Oliveira, 28 anos, mãe de Yasmin Louise de Sousa Costa, de 5, diagnosticada com síndrome de Rett – caracterizada por crescimento e desenvolvimento iniciais normais, seguido por desaceleração das características do desenvolvimento -, todas elas são moradoras do Segundo Distrito, fazem uso do micro-ônibus e o relato é semelhante ao das demais mães, que é a comodidade de embarcar na porta de casa.

No caso da Yasmim, que é cadeirante, a mãe conta que o olhar das pessoas muda se for para andar em transporte público. Ela relata que o sentimento é como se estivessem incomodando pelo fato de necessitarem de mais espaço no coletivo.

“O transporte nos ajuda muito. Se fosse utilizar o transporte público, teria que sair de casa bem cedo, pegar dois coletivos para tentar chegar no horário. Nesse tempo, ela estaria exposta ao sol e poeira, que não faria bem. Com o micro-ônibus do Dom Bosco, ele nos leva também para o CER e eu não preciso colocar e tirar a cadeira de rodas, pois tem o monitor que nos ajuda”, comemora Tayane.

Tayane, mãe da Yasmim, destaca a redução tempo para chegar ao Dom Bosco (Foto: Cedida)

O que muda entre as mães é a forma como vivem, o diagnóstico, rede de apoio que sempre será diferente de uma para outra. Jocinete, por exemplo, diferente de Tayane, é solteira e vive somente do benefício do filho, Benjamin. Então, a facilidade de um transporte gratuito, para levá-lo às terapias, faz toda diferença.

“O transporte é um benefício e, também, uma comodidade física. Andamos com mães que têm filhos com a mesma dependência e entendem quando um filho autista, como o meu, tem crise de choro, ou se incomoda com barulho, ou ainda quer sentar em determinado assento. No financeiro, é uma grande ajuda, pois boa parte vive de benefício e não teria condições de arcar com o valor para pagar passagens semanais para levar as crianças para as terapias. E assim evita que essa criança fique sem atendimento, pois nem sempre a família tem condição”, diz Jocinete.

A mãe ainda enfatiza sobre outro ponto importante: o lanche oferecido no Dom Bosco quatro vezes ao dia. Ela considera uma grande ajuda às mães que, às vezes, saem de casa sem almoçar e se alimentam no Centro Educacional.

“Por mais que a mãe não tenha condição, o Dom Bosco oferece um suporte para que ela não deixe de levar o filho às terapias. Hoje, é um benefício que a gente faz questão de manter, lógico, que há pontos para melhorar, mas de um modo geral é um serviço essencial”, ressalta.

Mãe de Benjamin, Jocinete destaca a facilidade do transporte e o lanche oferecido no Dom Bosco (Foto: Cedida)

Melhorias

Quando se fala em avanços e melhorias, Abrahão Carlos Mota Púpio, 38 anos, pai de Eduardo Abrahão Moreira Púpio, 19 anos, diagnosticado com retardo mental grave e TEA, relatou ao NHN que o serviço melhorou muito na atual gestão. Anteriormente sempre enfrentavam problemas mecânicos nos veículos ou falta de combustível.

Abrahão falou ainda que sabe que o transporte tem um financiamento com recurso da União e a gestão ocorre nos estados, pontuando que a verba federal para a educação é garantida e cabe aos estados e municípios bem gerenciar, assim como fez o Governo do Acre.

“Com relação ao transporte, esse ano, eu tenho vários elogios para fazer. O transporte praticamente não falhou durante esse ano”, disse o pai.

Eduardo vai ao Dom Bosco com a ajuda de um monitor do transporte (Foto: Cedida)

Ele destaca ainda que o transporte, além do motorista, conta com um monitor para ajudar a colocar os alunos cadeirantes e com dificuldade de locomoção dentro do veículo, bem como ajudá-los a descer.

No caso de Abrahão, ele não acompanha o filho que vai e volta sob a responsabilidade dos profissionais do Dom Bosco. O pai afirma que esse momento é uma oportunidade para que os responsáveis possam resolver algo pessoal, trabalhar ou estudar.

“O adulto que trabalha e tem outros compromissos pode, nesse período que o aluno está estudando, desenvolver coisas importantes na sua vida, trabalhar, estudar. Então, a pessoa não fica presa a essa rotina de deixar e buscar, que afetaria grande parte da sua logística, fora os custos envolvidos com combustível, transporte. De fato, é um serviço essencial”, afirma o pai.

Eduardo indo ao Dom Bosco no transporte gratuito (Foto: Cedida)

Abrahão faz questão de elogiar a atual gestão do Centro Educacional, que está sob a direção da professora Valéria.

“Meu filho tem uma excelente professora regente esse ano, tem uma boa mediadora, com quem estou sempre interagindo. Gostei muito dessa nova equipe do Dom Bosco”, pontua o pai.

Ampliação e reforma

Em 2023, o Centro Educacional Dom Bosco completa 42 anos de atuação no estado. Ao longo dessas décadas, trabalha fazendo o diferencial na vida de muitas famílias e pessoas com deficiência, como é possível observar nos relatos colhidos pela reportagem. Vale destacar todo o trabalho de inclusão realizado pelo Centro, que investe em oferecer qualidade de vida, dignidade, educação e cidadania.

Por isso, o secretário Aberson Carvalho fez questão de dizer que, junto ao governador Gladson, realiza conversas para ampliação e reforma do Centro para acolher mais famílias, já que os pais que ingressam os filhos na unidade se sentem seguros e o trabalho feito pelos profissionais é um acalento.

“As experiências relatadas pelas famílias, quando o aluno acessa pela primeira vez, e o trabalho começa a ser conduzido, falam que, para eles, é uma segurança, um acalento de ter uma estrutura pública como aquela para poder garantir que o filho possa se desenvolver”, garante.

Carvalho afirma que toda a equipe já faz estudos para a reforma e ampliação, por se tratar de um investimento de alto custo, mas que atenderá uma maior demanda.

“Estamos fazendo estudos, pois é um alto investimento. Aquele complexo é um conjunto de ações e núcleos especializados que vão além do Dom Bosco. A gente tem o objetivo de avançar em uma reforma e vamos fazer uma manutenção também. E o estudo aponta que temos que criar mais dois blocos para garantir um espaço melhor e mais adequado para receber mais alunos”, conclui.

A assessoria de comunicação da Secretaria de Educação informou ainda que no Projeto de Ampliação do Centro de Ensino Especial Dom Bosco está previsto a construção de salas de aula, banheiros e parquinho. “Esse projeto de ampliação encontra-se em fase de análise e diligência no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), para posterior aprovação”.

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