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MUNDO

Ativista denuncia transfobia de funcionário na embaixada dos EUA em SP

Publicado em

A ativista LGBTQIA+ Rafaelly Wiest da Silva, de 40 anos, afirma ter sido vítima de transfobia, atribuída a um funcionário da Embaixada dos Estados Unidos, em São Paulo, quando a mulher foi entrevistada para a emissão de um visto, na segunda-feira (30/10).

De acordo com Rafaelly, a autorização para ela ir até a América do Norte lhe foi negada logo após ela afirmar ser mulher trans ao funcionário da embaixada, cuja identidade não foi informada.

“Fazia tempo que eu não sentia a transfobia. Geralmente, estou do outro lado, para dar apoio. Chorei a tarde inteira, depois que saí do consulado”, afirmou a vítima.

Rafaelly é diretora administrativa da Aliança LGBT, há 15 anos, e foi convidada para palestrar sobre a proteção às crianças e adolescentes trans no Brasil, durante o 188º período de sessões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), no próximo dia 7, em Washington-DC.

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Em um vídeo, ela mostra o convite feito pela entidade internacional, além das passagens aéreas, de ida e de volta. Os documentos, assim como a justificativa para a viagem, foram apresentados ao entrevistador do consulado em São Paulo.

A ativista também afirmou ao funcionário sobre o tempo em que é diretora da Aliança LGBT, além de confirmar ter laços familiares consolidados no Brasil.

Para o espanto de Rafaelly a negativa do visto ocorreu, como consta no documento entregue pelo entrevistador, sob a alegação de que ela não comprovou trabalhar nem ter laços familiares no Brasil.

“Fui convidada para ir aos Estados Unidos a convite da Organização dos Estados Americanos”, ressaltou a ativista, acrescentando não ter nenhum plano de morar lá, como foi insinuado pelo funcionário da embaixada para negar o visto.

Ela acrescentou acreditar que irá conseguir ainda embarcar a tempo de participar do encontro internacional.

Carta para a embaixada

Thamirys Nunes, presidente da ONG Minha Criança Trans, assina uma carta que foi encaminhada à embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, logo após o incidente com a ativista.

Thamirys solicita, com urgência, providências para que Rafaelly consiga embarcar para os Estados Unidos, a tempo de participar do evento para o qual foi convidada.

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“A negativa do visto para uma ativista, mulher trans, defensora dos direitos humanos, com passagem de ida e volta comprada, com carta convite da CIDH/OEA nominal, é uma afronta a tudo o que sabemos por garantia de direitos humanos. Não tem como não pensarmos que foi um ato de transfobia, de preconceito social, já que ficou muito bem demonstrado que sua estadia em Washington seria por poucos dias e muito bem justificada”.

O advogado Carlos Nicodemos, que representa a ONG, afirmou que a conduta do funcionário da embaixada foi “discriminatória”. Para ele, houve um “incidente violador de direitos humanos e, neste caso, especialmente contra a comunidade LGBTQIA+”.

O que a Embaixada dos EUA diz

A Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil afirmou, em nota enviada ao Metrópoles por sua assessoria de imprensa, que a lei de privacidade dos Estados Unidos os impede de dar informações sobre “casos específicos de visto”.

“Podemos garantir que nossos oficiais consulares são altamente treinados para tratar todos os solicitantes de visto de forma respeitosa e igualitária”.

Na nota é afirmado que a diversidade e inclusão “são prioridade da administração [Joe] Biden”.

A nota ainda diz não ser necessário apresentar passagens no momento de solicitar autorização para viajar aos EUA. “Recomendamos que os solicitantes não comprem passagens não reembolsáveis até receberem o passaporte com o visto”.

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