MUNDO
Ave rara que se “apaixonou” por humano morre aos 42 anos nos EUA
Uma grou coroada-de-branco, uma das aves mais raras do mundo, chamada Walnut, morreu aos 42 anos nos Estados Unidos. O animal era bastante conhecido nas redes sociais após uma publicação apontando seu “amor” por um humano, o cuidador de animais Chris Crowe.
Ela faleceu na última semana, 31, e deixou oito filhotes. “Walnut era um indivíduo único com uma personalidade vivaz”, disse Crowe em uma nota divulgada pelo zoológico. “Sempre serei grato pelo vínculo dela comigo”.
Essa diferente e fofa história de amor começa em 2004. Ela conheceu o cuidador no Zoológico Nacional e Instituto de Biologia da Conservação do Smithsonian, após ser resgatada por uma equipe da Fundação Internacional do Grou. Ela era filhote de um casal da espécie que foi levado ilegalmente para o país.
Convivendo diariamente com humanos, ela desenvolveu um verdadeiro elo com os seus cuidadores. De acordo com o The Guardian, o zoológico informou que ela não tinha interesse em procriar e até já atacou pretendentes machos.
O que preocupou a equipe, pois a sua espécie é considerada ameaçada de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Hoje restam menos de 5,3 mil animais semelhantes em seus habitats nativos na Mongólia, Sibéria, Coreia, Japão e China. Por isso, convencê-la a se reproduzir era uma prioridade.
Crowe, de acordo com informações do zoológico, conseguiu conquistá-la depois de “observar e imitar” as ações dos grous machos do instituto durante a época de reprodução. Em vídeos divulgados pela instituição, o cuidador aparece oferecendo comida a Walnut, bem como grama e folhas, materiais para a construção de ninhos. Além de batendo os braços na frente dela, que respondeu batendo as asas com entusiasmo e dançando em semicírculo com a cabeça balançando.
Depois que conquistou a sua confiança, Crowe foi capaz de inseminá-la artificialmente usando o esperma de um grou macho.
A tentativa foi bem-sucedida e Walnut botou ovos fertilizados que eclodiram em oito filhotinhos. Os ovos fertilizados foram dados a outros casais da espécie, que cuidaram deles como se fossem seus. Dos oito, um é filho de Walnut e outro é seu neto.
Além disso, a relação dela com o cuidador parece ter sido benéfica para sua saúde: aos 42 anos, ela quase triplicou a expectativa de vida média para grous coroadas-de-branco em cativeiro, que costuma ser de 15 anos.
No início deste mês, os cuidadores perceberam que Walnut não comia, nem bebia. Até mesmo suas guloseimas favoritas, ratos congelados e descongelados, amendoins e larvas de farinha, não despertaram seu apetite. Com o tempo, ela foi piorando e, cerca de uma equipe, morreu pacificamente.
Ainda de acordo com o zoológico, uma autópsia revelou que a causa da morte foi insuficiência renal.
“Ela sempre foi confiante em se expressar, era uma dançarina excelente e ansiosa, e estóica diante dos desafios da vida”, disse Crowe. “A extraordinária história de Walnut ajudou a chamar a atenção para a situação da sua espécie vulnerável. Espero que todos os que foram tocados pela sua história compreendam que a sobrevivência da sua espécie depende da nossa capacidade e desejo de proteger os habitats das zonas húmidas”.