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Brasileira presa no Camboja com drogas pode ser condenada a até 20 anos; família denuncia tráfico humano

A arquiteta Daniela Marys Costa Oliveira, de 35 anos, está presa no Camboja sob suspeita de tráfico de drogas, crime que pode levá-la a até 20 anos de prisão. A família da brasileira alega que ela, na verdade, é vítima de tráfico humano. A polícia local afirma ter encontrado entorpecentes no apartamento onde ela morava, após se mudar para o país asiático no início deste ano em busca de uma oportunidade de trabalho.
Segundo a irmã dela contou ao Terra, Daniela recebeu a proposta de trabalhar com telemarketing no país da Ásia em meados de janeiro via Telegram. Na época, ela, que já havia residido nos Estados Unidos e nos Emirados Árabes, estava morando com a mãe em João Pessoa, na Paraíba.
O emprego seria temporário, de seis meses a um ano, justamente para levantar um dinheiro. Sociável, alegre e fluente em inglês, ela topou o novo desafio. Chegou ao Camboja em 30 de janeiro e foi levada para um complexo a 10 horas da capital do país. O local tem vários andares, em uma área descampada e erma. Ali ela passou a ser mantida em cárcere privado, segundo relatou a irmã.
Daniela passou o mês todo de fevereiro naquele local sem fazer nada, já que os responsáveis pelo local estavam recrutando mais vítimas. Em março, quando começaram o treinamento, a brasileira soube que havia sido levada ao país para aplicar golpes pela internet. Ela se negou e sua situação começou a se complicar.
No dia 26 de março, foi presa por policiais dentro do complexo. Eles a acusaram de estar em posse de três pílulas, conforme a família. Todos os seus pertences, celular, notebook, roupas e passaporte, ficaram com os criminosos que a mantiveram em cativeiro por quase dois meses.
Mesmo diante da denúncia da família, o caso será levado a julgamento pelo sistema judiciário cambojano nesta quinta-feira, 23. Organismos internacionais apontam que, no Camboja, as sanções para delitos ligados a entorpecentes variam de acordo com o contexto.
Segundo um relatório da Anistia Internacional sobre a “guerra contra as drogas” no país, a Lei de Controle de Drogas de 2012 estabelece as seguintes penas mínimas e máximas:
Tráfico: De 2 a 20 anos de encarceramento.
Posse: De 2 a 5 anos de prisão, podendo chegar a 10 anos para reincidentes.
Consumo: De 1 a 6 meses de reclusão, com possibilidade de 1 ano em caso de reincidência.
O mesmo relatório da Anistia Internacional mostra que o Camboja tem reincidido em violações de direitos humanos e na superlotação carcerária no contexto de sua política de combate às drogas.
A situação precária é corroborada pelo relato da família da arquiteta, que informou que Daniela está detida na Prisão Provincial de Banteay Meanchey, uma unidade superlotada e com registros de óbitos. A própria arquiteta contraiu uma infecção na penitenciária em setembro e precisou de atendimento médico hospitalar.
