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MUNDO

BRICS desafiam hegemonia americana em reunião marcada por críticas e silêncios estratégicos

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Nova York – Em uma reunião à margem da Assembleia Geral da ONU, os ministros de Relações Exteriores dos BRICS emitiram um comunicado contundente, repleto de críticas indiretas aos Estados Unidos e omissões calculadas sobre a guerra na Ucrânia. O encontro, realizado nesta sexta-feira (26), serviu como palco para o grupo expressar suas preocupações e defender uma nova ordem global.

O comunicado condenou a crescente onda de tarifas e barreiras comerciais unilaterais, em uma clara alusão às políticas protecionistas adotadas por Washington. Os BRICS também exigiram a restauração do órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio (OMC), paralisado devido ao bloqueio americano na nomeação de juízes.

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Além disso, o grupo defendeu o papel central da Organização Mundial da Saúde (OMS) na governança global da saúde, em contraste com a postura adotada pelo governo Trump, que chegou a retirar os EUA da organização.

O encontro contou com a presença de representantes dos cinco membros originais – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e das seis novas nações que se juntaram recentemente ao bloco: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia.

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Nas entrelinhas, o comunicado criticou as “medidas coercitivas” utilizadas como forma de pressão política, um eufemismo para as sanções impostas por Washington a autoridades de outros países, incluindo o Brasil.

O grupo também expressou preocupação com o aumento de medidas tarifárias e não tarifárias unilaterais que distorcem o comércio global, alertando para o risco de fragmentação e marginalização do Sul Global.

Em relação à OMC, os ministros defenderam a restauração imediata de um mecanismo de solução de controvérsias e a nomeação de novos integrantes do Órgão de Apelação, cujas indicações foram bloqueadas pelos EUA.

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O comunicado também ressaltou a importância de manter o comércio agrícola e de fertilizantes livre de restrições, um tema sensível para o Brasil, que é um dos maiores compradores de fertilizantes da Rússia, em um momento em que os Estados Unidos ameaçam impor sanções secundárias a países que compram energia e produtos agrícolas de Moscou.

Em um recado à União Europeia, os BRICS rejeitaram “mecanismos unilaterais e discriminatórios de ajuste de carbono nas fronteiras (CBAMs), regulações sobre desmatamento, requisitos de diligência prévia, impostos e outras medidas”, argumentando que tais políticas causam disrupções nas cadeias globais de fornecimento e distorcem a concorrência.

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Apesar de abordar diversos conflitos globais, como a situação no Território Palestino Ocupado e a crise no Sudão, o comunicado silenciou completamente sobre a guerra na Ucrânia, demonstrando as divisões internas do grupo em relação ao tema.

O documento também endossou o pleito do Brasil por uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, com maior participação de países emergentes, e defendeu o multilateralismo.

China e Rússia reiteraram seu apoio às aspirações do Brasil e da Índia de desempenhar um papel mais relevante nas Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança, reforçando a aproximação do governo brasileiro com Moscou e Pequim em temas de governança global.

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Na questão ambiental, os países do BRICS declararam apoio à Presidência brasileira da COP30, que será realizada em Belém em novembro, e elogiaram o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma iniciativa brasileira para captar recursos para a conservação.

O comunicado dos BRICS em Nova York sinaliza uma crescente disposição do grupo em desafiar a hegemonia americana e defender uma ordem mundial mais multipolar, com maior espaço para os países emergentes.

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