MUNDO
Cidades chinesas estão ficando sem dinheiro por alto custo de bloqueios da Covid
Os protestos desta semana em toda a China mostram o quão impopular a política de Covid-zero de Pequim se tornou. Agora, mesmo quando o país sinaliza que pode afrouxar os controles pandêmicos, ele enfrenta outro desafio: os governos locais encarregados de realizar testes em massa e aplicar a quarentena estão ficando sem dinheiro e podem ser forçados a cortar custos ou reduzir outros serviços vitais.
A política de Covid-zero manteve a China fora da recessão em 2020. Mas, quase três anos depois, as contas estão aumentando, colocando uma pressão financeira extraordinária nas autoridades municipais do país mais populoso do mundo.
Se os bloqueios e testes em massa persistirem, “os riscos à estabilidade financeira aumentarão”, disse George Magnus, associado do China Center na Universidade de Oxford, ao CNN Business.
“Os governos locais estão sob enorme pressão do custo de manter o Covid-zero, e já podemos ver isso na sustentabilidade da dívida de várias entidades e [em] instâncias em que os serviços públicos estão sendo reduzidos, ativos ou serviços locais vendidos e assim por diante.”
Os governos locais, cujas receitas dependem fortemente da venda de terras, são mais vulneráveis do que o governo central. Eles gastaram 11,8 trilhões de yuans (US$ 1,65 trilhão) a mais do que arrecadaram em receita entre janeiro e outubro, tomando empréstimos pesados para isso, segundo dados do Ministério das Finanças da China.
A dívida crescente do governo representa uma ameaça direta à saúde econômica da China. Isso não apenas aumenta o risco de que os municípios não paguem suas dívidas, mas também reduz a capacidade do governo de estimular o crescimento, estabilizar o emprego e expandir os serviços públicos.
“O maior da história”
Por quase três anos, os governos locais suportaram o peso da aplicação dos controles pandêmicos. Eles tiveram que pagar por testes regulares em massa, estadias obrigatórias em quarentena e outros serviços durante bloqueios frequentes, resultando em gastos crescentes, mesmo com a estagnação da receita.