MUNDO
Cientistas descobrem a maior fusão de dois buracos negros, com mais de 200 vezes a massa do Sol

Cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido anunciaram a descoberta da maior fusão de dois buracos negros já detectada na história. A descoberta foi feita pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser, também chamado de Ligo.
Os dois buracos negros, com mais de 100 vezes a massa do Sol, começaram a orbitar um ao outro há muito tempo, e se chocaram para formar um só buraco negro ainda maior, há cerca de 10 bilhões de anos-luz de distância da Terra. As informações foram divulgadas pelo Ligo e publicadas pelo jornal The Guardian.
A colisão aconteceu além da borda da Via Láctea, e foi localizada por meio de ondas no espaço-tempo, devido ao impacto.
O anúncio foi feito oficialmente no domingo, 13, e a descoberta foi apresentada nesta segunda-feira, 14, em uma conferência em Glasgow, na Escócia, chamada GR-Amaldi. O encontro é um dos maiores entre cientistas especialistas em ondas gravitacionais no mundo.
O evento no espaço foi catalogado sob o nome GW231123, e é o maior já registrado por detectores de ondas gravitacionais. O sinal chegou aos detectores da Terra, que são sensíveis o suficiente para detectar tremores no espaço-tempo milhares de vezes menores do que a largura de um próton.
“’Esses são os eventos mais violentos que podemos observar no universo, mas quando os sinais chegam à Terra, são os fenômenos mais fracos que podemos medir. Quando essas ondulações chegam à Terra, elas são minúsculas”, explicou o professor Mark Hannam, chefe do Instituto de Exploração Gravitacional da Universidade de Cardiff.
Como o fenômeno foi registrado?
A localização da fusão entre os buracos negros ocorreu em 23 de novembro de 2023. Eles perceberam que algo diferente havia ocorrido quando dois detectores do observatório Ligo nos EUA se contraíram ao mesmo tempo.
A “explosão” no espaço-tempo fez com que os detectores se esticassem e contraíssem por um décimo de segundo.
A análise desse sinal mostrou que os buracos negros em colisão tinham entre 103 e 137 vezes a massa do Sol, e giravam cerca de 400 mil vezes mais rápido do que a Terra.
Buracos negros
A maioria dos buracos negros se forma quando grandes estrelas ficam sem combustível nuclear e colapsam ao final de seu ciclo de vida. Esses objetos são densos, e acabam distorcendo o espaço-tempo, e geram o chamado horizonte de eventos, em que tudo acaba sendo sugado, até mesmo a luz. Assim surge uma espécie de “fronteira”, pela qual nada pode passar.
“Estas são as maiores massas de buracos negros que medimos com segurança com ondas gravitacionais. E elas são estranhas, porque estão bem na faixa de massas em que, devido a todos os tipos de coisas estranhas que acontecem, não esperamos que buracos negros se formem”, afirmou Hannam, membro da colaboração científica Ligo.
Os pesquisadores acreditam que os buracos negros que fundiram sejam produtos de fusões anteriores. Isso explicaria a grande massa e por que eles giram tão rápido.
Os cientistas detectaram cerca de 300 fusões de buracos negros a partir das ondas gravitacionais que eles geraram. Até então, a maior fusão conhecida produziu um buraco negro com cerca de 140 vezes a massa do Sol. A fusão revelada produziu um buraco negro até 265 vezes mais massivo que o Sol.
Nos próximos 10 a 15 anos, os pesquisadores pretendem ser capazes de detectar todas as fusões de buracos negros no universo, e até alguns eventos que não eram esperados.
