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Cientistas recriam a última inversão do campo magnético da Terra

A Terra gira, oscila e, de tempos em tempos, até inverte. Pesquisadores do Centro Helmholtz de Geociências, na Alemanha, reconstruíram um dos eventos mais dramáticos da história do planeta: a reversão Matuyama-Brunhes, nome dado a quando os polos magnéticos da Terra trocaram de lugar há cerca de 780 mil anos.
Usando registros de núcleos de gelo, sedimentos oceânicos e fósseis marinhos, os cientistas mapearam em detalhes como o campo magnético — que protege o planeta da radiação cósmica — colapsou temporariamente antes de se reorganizar.
O estudo não se limitou a dados visuais: os cientistas criaram também uma trilha sonora para o evento, com instrumentos como violinos, violoncelos e sintetizadores simulando o processo caótico da inversão.
O resultado? Um som que começa de forma suave, mas logo mergulha em uma “cacofonia desarmônica”, refletindo o desequilíbrio magnético que envolveu o planeta por milhares de anos.
Apesar de recentes anomalias observadas principalmente no Atlântico Sul terem causado preocupação sobre uma possível nova reversão, os cientistas afirmam que não há sinais concretos de que o planeta esteja prestes a passar por um novo “flip” magnético. “Prevemos que a Anomalia do Atlântico Sul provavelmente desaparecerá nos próximos 300 anos”, explicou o geólogo Andreas Nilsson, da Universidade de Lund.
Previsões
Desde 1830, a intensidade do campo magnético da Terra caiu cerca de 10%, mas, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), esse enfraquecimento não é incomum e não indica que uma reversão esteja próxima. “Mesmo com variações intensas, o campo pode se fortalecer novamente no futuro”, afirmam os especialistas.
Segundo o ‘New York Post’, estudar esses eventos extremos do passado ajuda os cientistas a prever impactos potenciais de futuras alterações no campo magnético, como falhas de satélites, apagões elétricos e erros em sistemas de navegação.
Para Sanja Panovska, pesquisadora do Centro Helmholtz, entender esses padrões antigos é essencial: “Eles são cruciais para prever o clima espacial, compreender o sistema terrestre e preparar a sociedade para o que pode vir pela frente”.
