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Comissão Europeia desmente Trump e nega ligação entre uso de paracetamol na gravidez e autismo

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, associar o uso de paracetamol na gravidez ao autismo, a Comissão Europeia afirmou que não há evidências científicas que comprovem o risco. Ainda segundo o agência, o uso é seguro para gestantes.
“O paracetamol continua sendo uma opção importante para tratar dor ou febre em gestantes. Nossa recomendação se baseia em uma avaliação rigorosa dos dados científicos disponíveis e não encontramos evidências de que o uso de paracetamol durante a gravidez cause autismo em crianças”, afirmou o porta-voz da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Steffen Thirstrup.
Conforme o comunicado, em 2019, a EMA revisou os estudos disponíveis que investigaram o neurodesenvolvimento de crianças expostas ao paracetamol no útero e concluiu que os resultados eram inconclusivos e que nenhuma ligação com distúrbios do neurodesenvolvimento poderia ser estabelecida.
O que disse Trump?
Na segunda-feira, 22, Trump declarou que a FDA (equivalente americana da Anvisa) iria emitir um alerta a profissionais de saúde sobre um suposto aumento no risco de autismo em crianças expostas ao paracetamol durante a gestação.
“Tomar Tylenol não é bom. Não é bom”, repetiu o presidente durante coletiva de imprensa, referindo-se ao nome comercial do medicamento amplamente utilizado no mercado americano. Ele afirmou que, a partir de agora, a recomendação é que o uso do analgésico por gestantes ocorra apenas em casos de extrema necessidade.
Fabricante e entidades médicas contestam
A substância é uma das mais comuns no tratamento de dores leves e febre, e, historicamente, é considerada segura para mulheres grávidas. No entanto, o debate sobre seus efeitos no desenvolvimento neurológico fetal tem se intensificado, embora não haja consenso científico sobre qualquer relação direta com o espectro autista.
Nos Estados Unidos, o medicamento é fabricado pela Kenvue, empresa que se separou da Johnson & Johnson em 2023. A farmacêutica reagiu à declaração de Trump afirmando que não há sustentação científica para a alegação presidencial.
Entidades médicas também contestaram o posicionamento. O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia reiterou que estudos disponíveis até o momento não demonstram associação direta entre o uso responsável de paracetamol em qualquer fase da gestação e alterações no desenvolvimento fetal.
No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS) mantém o medicamento como a principal recomendação analgésica para grávidas, ressaltando sua segurança em uso controlado. “É comumente tomado durante a gravidez e não faz mal ao bebê”, segundo a autoridade britânica.
