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MUNDO

Como foi ataque a vilarejo israelense onde Hamas matou bebês e famílias inteiras, segundo Israel

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Aviso: esta reportagem contém informações e imagens que alguns leitores podem considerar perturbadoras.

O kibutz Kfar Aza é um microcosmo dos primeiros dias da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas — e também um vislumbre do que pode vir a seguir.

Até a manhã desta terça-feira (10/10), conflitos ainda ocorriam no kibutz (vilarejos voltados para a convivência e produção econômica em comunidade) próximo à fronteira com Gaza.

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É por isso que só agora os corpos de moradores mortos na manhã de sábado (07), em um ataque por militantes do Hamas que conseguiram ultrapassar a fronteira, só estão sendo recolhidos agora.

Soldados que passaram grande parte do dia nas ruínas do vilarejo recuperando corpos de civis disseram que houve um massacre. Parece provável que grande parte das mortes tenha acontecido nas primeiras horas de sábado.

O exército israelense, pego de surpresa, levou 12 horas para chegar ao kibutz, relata Davidi Ben Zion, vice-comandante da Unidade 71, uma experiente equipe de paraquedistas que liderou a reação ao ataque do Hamas.

“Graças a Deus, salvamos muitas vidas de muitos pais e crianças”, disse ele. “Infelizmente, alguns foram queimados por [coquetéis] molotov. Eles [militantes do Hamas] eram muito agressivos, como animais.”

Ben Zion descreve os homens armados do Hamas que mataram famílias inteiras, incluindo bebês, como uma “máquina jihadista de matar toda a gente — [pessoas] sem armas, sem nada, apenas cidadãos normais que querem tomar o seu café da manhã, e só”.

Algumas das vítimas, diz ele, foram decapitadas.

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“Eles mataram e cortaram algumas cabeças, é uma coisa terrível de se ver… Devemos lembrar quem é o inimigo e qual é a nossa missão. Todo o mundo precisa nos apoiar.”

Enquanto isso, um policial aponta para um saco de dormir ensanguentado. Um dedo do pé inchado aparece. Ele diz que a mulher cujo corpo estava ali foi morta e decapitada no jardim da frente. A poucos metros de distância, estava o cadáver enegrecido e inchado de um atirador do Hamas morto.

O kibutz Kfar Aza aumenta as evidências consideráveis que estão se acumulando de crimes de guerra cometidos por homens armados do Hamas. Tal como vilarejos vizinhos, a comunidade foi apanhada de surpresa.

A primeira linha de defesa da comunidade era a guarda do kibutz — moradores com experiência militar que patrulhavam a área. Eles foram mortos lutando contra os invasores.

Os corpos dos guardas foram retirados de suas posições na manhã dessa terça-feira. Como os outros mortos, seus corpos foram embrulhados em plástico preto, transportados em macas para um estacionamento e colocados em fila à espera de serem reconhecidos e sepultados.

Os moradores das comunidades fronteiriças israelenses contavam com ataques periódicos com foguetes depois de o Hamas ter tomado o controle de Gaza em 2007.

Eles aceitaram o perigo como o preço de uma vida no campo em uma comunidade unida que tinha vestígios do espírito pioneiro das primeiras colônias sionistas.

Os moradores de Kfar Aza e de outras comunidades israelenses ao longo da fronteira com Gaza desfrutavam de uma boa qualidade de vida, apesar da ameaça dos foguetes do Hamas. Nas casas, nos gramados e nas áreas abertas do kibutz, um abrigo de concreto nunca estava a mais de um passo de distância.

Todas as casas tinham salas de segurança reforçadas. Dispunham também de varandas, churrasqueiras, balanços para as crianças e ar puro.

Mas ninguém — aqui em Kfar Aza ou em qualquer outro lugar de Israel — imaginou que o Hamas seria capaz de romper as defesas israelenses e matar tantas pessoas.

O horror e a raiva dos israelenses se misturaram com a incredulidade diante da falha do Estado e dos militares em seu dever fundamental de proteger os seus cidadãos.

Os corpos dos homens armados do Hamas que mataram e foram mortos foram deixados apodrecendo sob o sol.

Perto de seus corpos estão as motocicletas que eles usaram para invadir o kibutz. Os destroços de um parapente, usado para escapar da defesa de Israel, também estão lá, empurrados para um canteiro de flores.

Outra experiência em comum com outros vilarejos fronteiriços é que foi necessária uma luta feroz para os israelenses recapturarem Kfar Aza.

Quando nos aproximamos da entrada do kibutz na manhã de terça, centenas de soldados israelenses ainda estavam posicionados ao longo do seu perímetro. Era possível ouvir suas comunicações via rádio.

Um comandante dava ordem para abrir fogo contra um edifício em Gaza. Quase imediatamente, começaram rajadas de tiros de armas automáticas.

O impacto profundo dos ataques aéreos em Gaza soava continuamente enquanto estávamos em Kfar Aza.

Israel está sofrendo um trauma coletivo após o assassinato de tantos dos seus cidadãos desde sábado. Mas em Gaza, centenas de civis também estão sendo mortos. O direito internacional humanitário afirma claramente que todos os combatentes devem proteger as vidas dos civis.

É evidente que o assassinato de centenas de civis pelo Hamas constitui uma violação grave das leis da guerra. Mas os israelenses rejeitam qualquer comparação entre a forma como o Hamas mata civis e a forma como os civis palestinos morrem nos seus ataques aéreos.

O major-general Itai Veruv, que estava prestes a se aposentar quando liderou a luta para retomar o kibutz, insiste que Israel está respeitando as suas obrigações sob as normais internacionais para guerras.

“Tenho certeza de que lutamos por nossos valores e cultura… Seremos muito agressivos e muito fortes, mas manteremos nossos valores morais. Somos israelenses, somos judeus.”

Um soldado com quem falei, e que não quis revelar seu nome, demonstrou uma atitude parecida. Tal como tantos outros israelenses, a experiência dos primeiros dias desta guerra intensificam sua determinação em lutar.

No início da ação, ele disse que via “caos, terroristas por toda parte”.

Quão difícil, perguntei, foi o combate?

“Você não pode imaginar.”

Você já teve que fazer algo assim antes como soldado?

“Assim não.”

O que vai acontecer depois?

“Não sei, faço o que me mandam. Espero que entremos.”

Em Gaza? Seria uma luta difícil.

“Sim. Estamos prontos para isso.”

Os soldados eram principalmente da reserva. Historicamente, o serviço militar foi considerado uma parte vital da construção da nação israelense, unindo um país que pode ser turbulento.

Davidi Ben Zion, o oficial que estava à frente dos primeiros combates contra o Hamas no kibutz, reconhece que os israelenses têm profundas divisões políticas — mas insiste que, agora que estão sob ataque, estão unidos.

Um cheiro forte de carne em decomposição pairava sob o sol quente de outono do Mediterrâneo. Os soldados que retiravam os corpos caminhavam cuidadosamente pelas ruínas das casas, cautelosos com possíveis munições não detonadas e armadilhas. Havia uma granada em um jardim.

Enquanto trabalhavam para recuperar os corpos, de vez em quando alertas sobre lançamentos de foguetes do Hamas os faziam buscar proteção.

 

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