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Como Francisco transformou San Lorenzo em time do papa após ‘milagre’ na Libertadores

“O futebol é um fenômeno global capaz de envolver um grande número de pessoas, suscitando emoções e sentimentos coletivos”, disse papa Francisco, em 2018. Morto nesta segunda-feira, aos 88 anos, Jorge Mario Bergoglio teve seu mandato à frente da Igreja Católica aliado à sua paixão pelo futebol. Torcedor do San Lorenzo, nunca deixou de lado sua relação com o futebol. Ele foi o primeiro papa nascido na América do Sul, na história da Igreja Católica.
Na cidade de Buenos Aires, sete dígitos são especiais para o San Lorenzo e seus torcedores: 88235N-0, número de associado de Bergoglio, quando ainda nem sonhava em ser papa. Nascido e criado no bairro de Flores, onde se encontra a sede do San Lorenzo atualmente, Francisco tem seu rosto pintado ao redor dos muros que cercam o estádio.
Antes da Libertadores, o clube argentino também viveu um período de jejum – seis anos sem um título nacional. Tudo mudou após a chegada de Bergoglio ao Vaticano. “Assisti com alegria, mas não é um milagre”, brincou Francisco, sobre o título do San Lorenzo. Milagre, que também levou a Argentina à decisão da Copa do Mundo em 2014, na competição disputada no Brasil – vice-campeã, após decisão com a Alemanha.
Papa não viu a conquista da Argentina em 2022
Mas Francisco ainda “veria”, em sua vida, o fim do jejum da seleção, com o bicampeonato da Copa América (2021 e 2024) e a Copa do Mundo de 2022. Veria, entre aspas, porque o papa, de fato, não assistiu às conquistas da seleção, nem do San Lorenzo, nos últimos anos. Na década de 1990, fez uma promessa – nunca revelada pelo pontífice o motivo – que o fez deixar de assistir à televisão.
Ele apenas soube, por relatos, do título de Messi e da seleção no Catar, diante da França, após empate por 3 a 3 na decisão e vitória nos pênaltis. O mesmo vale para as conquistas do San Lorenzo – do qual se tornou sócio honorário após seus anos no Vaticano.
Essa impossibilidade de ver as partidas não impede que Francisco receba delegações, dos mais variados times, e atletas ao longo dos anos. Em seu reinado, já recebeu seleção croata, vice-campeã em 2018, a própria seleção argentina, italiana, além das visitas de Messi, Ronaldinho Gaúcho, entre tantos outros.
Messi ou Maradona?
Quando questionado sobre quem foi maior para o futebol, entre Messi e Maradona, o papa argentino foi por um terceiro caminho: Pelé. “São os três que eu segui. Maradona, como jogador foi um grande, um grande. Mas, como homem, falhou”, disse, à Rai, em 2023. “Maradona, como jogador foi um grande. Mas, como homem, falhou. Messi é corretíssimo. É corretíssimo. Mas, para mim, desses três, o grande senhor é Pelé.”
Francisco recebeu, em 2014, uma camisa assinada por Pelé, das mãos da então presidente Dilma Roussef. “Eu falei com Pelé uma vez, o encontrei em um voo, quando ia a Buenos Aires, conversamos. É um homem de uma humanidade muito grande”, afirmou Francisco.
