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Diretora do Fed diz que não irá renunciar após Trump anunciar demissão: ‘Não tem autoridade’

Horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a destituição da diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, a economista afirmou que não deixará o cargo. Em comunicado divulgado à imprensa americana na segunda-feira, 25, Cook rebateu a decisão de Trump, alegando que o presidente não tem poder legal para retirá-la do conselho.
“O presidente Trump alegou que me demitiria ‘por justa causa’ quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazer isso. Não vou renunciar. Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022”, declarou.
A resposta veio após uma publicação de Trump no Truth Social
em que o republicano acusou Cook de fraude hipotecária e disse ter base legal para afastá-la.
“De acordo com minha autoridade sob o Artigo II da Constituição dos Estados Unidos e a Lei da Reserva Federal de 1913, conforme alterada, você está sendo removida de seu cargo no Conselho de Governadores da Reserva Federal, com efeito imediato”, escreveu o presidente.
Trump alegou ainda que a lei permite a demissão “por justa causa” e que essa condição estaria configurada. “A Lei do Federal Reserve prevê que você pode ser destituída, a meu critério, por justa causa. Determinei que há justa causa para destituí-la do cargo”.
Indicação do presidente Joe Biden, Lisa Cook assumiu o cargo em 2022, tornando-se a primeira mulher negra a integrar o conselho monetário americano. Seu mandato vai até 2038. Acadêmica respeitada, ela já atuou no Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca no governo Barack Obama e fez parte da equipe de transição de Biden.
Cook contratou o advogado Abbe Lowell para defendê-la. Ele prometeu adotar “todas as medidas necessárias” contra o que classificou como uma “ação ilegal” do presidente.
Comando do Fed
A tentativa de afastamento ocorre em meio a tensões de Trump com a atual direção do Federal Reserve. O republicano tem criticado duramente o presidente do Fed, Jerome Powell, por manter as taxas de juros elevadas e também pela reforma de US$ 2,5 bilhões na sede da instituição, em Washington.
Nos bastidores, a avaliação é de que Trump busca aumentar sua influência dentro do Banco Central americano. Caso a saída de Cook seja confirmada, uma terceira vaga seria aberta para indicações do atual presidente, que já tem Michelle Bowman e Christopher Waller no conselho. Além disso, Trump deve nomear um novo presidente e outro diretor, ambos com votos permanentes no comitê que define as taxas de juros.
O mandato de Powell expira em maio de 2026.
Crise
A crise ganhou força após o diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional, Bill Pulte, apresentar uma denúncia criminal contra Lisa Cook na semana passada. Segundo ele, a diretora teria falsificado registros bancários e de propriedade para obter melhores condições em empréstimos.
Pulte alega que, em 2021, Cook declarou como residência um condomínio em Atlanta, mesmo após ter financiado outra casa em Michigan, também registrada como moradia principal.
