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MUNDO

Entenda o que é o G20 e como funciona sua organização

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Neste final de semana ocorrerá a chamada cúpula do G20, uma reunião dos líderes dos países que compõe a organização. A expectativa é que, reunidos na Itália, presidentes e primeiros-ministros discutam, principalmente, sobre temas ambientais, antecedendo a COP26, e de saúde, ligados à pandemia de Covid-19.

Apesar do nome, o G20 não reúne 20 países, mas sim 19 países e um bloco econômico, a União Europeia. Ele é classificado como uma organização internacional que reúne as maiores, e mais importantes, economias do mundo.

Para Laerte Apolinario, professor de relações internacionais da PUC-SP, a importância da organização cresceu consideravelmente desde sua fundação. Entretanto, o G20 ainda é alvo de críticas, e não é a única organização com esse nome.

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Quais os países membros do G20?

É comum que as nações ao redor do mundo se organizem em grupos, em geral para realizar discussões e debates em torno de temas de interesse comum.

No caso do G20, existem 19 países permanentes e um bloco econômico fixo, a União Europeia, que representa todos os países membros que não integram a organização. Além disso, alguns países podem ser convidados para participar das cúpulas anuais, e das discussões que ocorrem nelas.

◾Atualmente, esses são os membros do G20:

▪️União Europeia;
▪️Estados Unidos;
▪️China;
▪️Brasil;
▪️Canadá;
▪️França;
▪️Argentina;
▪️México;
▪️Indonésia;
▪️África do Sul;
▪️Austrália;
▪️Coreia do Sul;
▪️Japão;
▪️Alemanha;
▪️Itália;
▪️Índia;
▪️Rússia;
▪️Arábia Saudita;
▪️Reino Unido;
▪️Turquia

Segundo a própria organização, o G20 representa 80% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, 75% do comércio mundial e 60% da população.

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Dentre todos os continentes, a Europa acaba sendo o que tem mais países membros, já que a União Europeia representa seus 27 membros. Depois dela, vem a Ásia, com 8 nações (considerando a Rússia), e a América, com 5. A África e a Oceania ficam empatadas com 1 país membro cada.

Em teoria, o G20 reúne as 20 maiores economias do planeta, mas também existe uma discussão sobre essa definição. “Dependendo dos critérios que usa para avaliar isso, você pode deixar um país ou outro de fora. Quando inseriram a União Europeia no grupo, alguns países europeus que são grandes economias e estão fora do bloco ficaram bravos, como a Noruega”, afirma Apolinario.

Outro exemplo é a Suíça, que tem uma das 20 maiores economias do mundo mas está fora da organização.

“Não tem um mandato formal, com critérios de elegibilidade, é uma discussão política considerando a importância geopolítica desses países no cenário global, mais importante que economia, se pensou em tamanho da população, representatividade geográfica, força internacional”.

Como o G20 surgiu?

A organização surgiu no final dos 1990, mais especificamente em 1999. Apolinario explica que o G20 foi idealizado em um contexto de forte crise econômica em uma série de economias emergentes. Nesse sentido, sua função seria “discutir a estabilidade do sistema internacional”.

Durante anos, a organização contou apenas com encontros dos ministros das Finanças (ou Fazenda) de cada país, que discutiam questões ligadas ao sistema financeiro global.

Segundo o professor, o G20 ficou mais relevante a partir da crise econômica mundial em 2008. “Há uma percepção, em especial pelos países desenvolvidos, de que os emergentes deveriam ser convidados, participar das principais mesas de negociação sobre questões econômicas globais em especial pelo crescimento da importância deles com desenvolvimento da economia”, diz.

Foi a partir daí que as reuniões do G20 passaram a envolver também os chefes de Estado de cada membro. Com isso, a organização, sempre com um caráter de fórum, passou a ir além de discussões apenas sobre economia, englobando outros temas, como energia, clima e meio ambiente.

Como funciona o G20?

As reuniões dos chefes de Estado dos países membros ocorrem anualmente, e são chamadas de cúpulas. As cúpulas são organizadas pelo país que assume a presidência rotativa do G20, em geral um cargo simbólico.

“O G20 é considerado um fórum mais informal, porque não apresenta as mesmas características de estrutura como outras organizações internacionais”, afirma Apolinario.

Exatamente por isso, a organização não possui nenhum meio para forçar países a seguir o que foi acordado durante as reuniões. Essa falta de ferramentas de implementação de acordos é uma das principais críticas ao G20, que fica restrito à esfera do diálogo.

Outra crítica envolve a falta de transparência da organização, já que as reuniões são sempre a portas fechadas.

“Para muitos, essa é a principal fraqueza do G20, essa falta de institucionalidade, mecanismos de aplicação, outros falam que isso é vantagem, porque os países abordam de forma mais livre temas que, em outras organizações, não conseguem. É visto como um canal de diálogo entre as potências tradicionais e as emergentes”, diz o professor.

Nesse sentido, ele afirma que o G20 ganhou mais espaço, e passou a abordar outros temas, exatamente pela “fuga” dos países dos debates em organizações mais estruturadas, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a ONU.

Outro G20?

A nomenclatura de organizações com a letra G e um número ao lado representando a quantidade de integrantes não é uma novidade. Existe o G7, por exemplo, com as 7 maiores economias desenvolvidas. Também existiram blocos como o G22, ou G33.

Mas hoje o G20 não é o único com esse nome. Em 2001, durante negociações comerciais na OMC, 20 países em desenvolvimento resolveram se unir para ganhar força nas discussões contra países desenvolvidos. Surgiu, então, o G20.

Como forma de distinção, é comum que o G20 que inclui os países desenvolvidos seja chamado de G20 financeiro, já que a origem está ligada a questões do sistema financeiro. Já o G20 só com nações emergentes é chamado de G20 comercial.

“[O G20 comercial] é um grupo que foi liderado pelo Brasil e Índia, tendo como tema central a questão agrícola, para pressionar o fim de políticas de subsídio e protecionistas dos países desenvolvidos”, afirma Apolinario.

Para o professor, o grupo conseguiu agregar países que tinham interesses divergentes sobre o tema. Brasil e Argentina, por exemplo, são mais ofensivos no campo agrícola, tentando sempre abrir mercados. Índia e China, por outro lado, são mais protecionistas.

O ponto comum acaba sendo a crítica às políticas agrícolas dos países desenvolvidos. De todo modo, hoje o G20 financeiro acabou se tornando mais famoso que o comercial, e as cúpulas anuais se tornaram um alvo de especulações, apostas e de diálogo em torno de temas relevantes para o planeta todo, e não apenas para os seus 20 membros.

“O êxito ou não nas discussões no G20 já indicam o andamento que essas discussões vão ter em outras organizações”, diz Apolinário.

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