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MUNDO

Governo de Israel aprova acordo de cessar-fogo em Gaza; o que acontece a partir de agora

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Netanyahu aparece em foto ao lado do enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e do genro do presidente Trump, Jared Kushner, durante reunião do gabinete de ministros Foto: Reprodução/X / BBC News Brasil

O governo de Israel, através do seu gabinete de ministros, aprovou na noite desta quinta-feira (09/10, horário do Brasil) um acordo de cessar-fogo em Gaza e de libertação de reféns mantidos no território palestino.

“O governo acaba de aprovar as bases [de planejamento] para a libertação de todos os reféns — tanto os vivos quanto os mortos”, diz o comunicado do gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

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Este plano faz parte de um acordo maior, proposto pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na mediação entre Israel e o grupo Hamas.

A aprovação é o ponto de partida para um cronograma que deverá ter como próximos passos:

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1. Cessar-fogo em Gaza

Agora que o acordo foi formalmente aprovado pelo gabinete israelense, espera-se que um cessar-fogo entre em vigor.

Relatos na mídia israelense sugerem que isso acontecerá imediatamente, embora um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro tenha dito que começaria dentro de 24 horas após a aprovação do gabinete.

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2. Tropas israelenses se retirarão

As forças israelenses se retirarão para uma linha que as deixarão com o controle de cerca de 53% da Faixa de Gaza, disse o porta-voz. De acordo com um mapa distribuído pela Casa Branca na semana passada, esta é a primeira das três etapas da retirada israelense.

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3. Troca de reféns e corpos

Após esse recuo na ofensivai israelense, uma contagem regressiva de 72 horas começará, durante a qual o Hamas deve libertar todos os 20 reféns que se acredita estarem vivos. A devolução dos corpos dos 28 reféns mortos ocorrerá em seguida, embora não esteja claro quanto tempo isso poderá levar.

Israel então libertaria cerca de 250 palestinos em prisão perpétua em Israel e 1.700 detidos em Gaza após 7 de outubro de 2023, incluindo mulheres e crianças.

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Israel também devolverá os corpos de 15 moradores de Gaza em troca dos restos mortais de cada refém israelense, de acordo com o plano de Trump.

4. Ajuda humanitária entraria em Gaza

Centenas de caminhões com ajuda humanitária também começarão a entrar em Gaza, onde especialistas apoiados pelas Nações Unidas confirmaram em agosto haver fome.

Netanyahu agradeceu a Trump, ao enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e ao genro de Trump, Jared Kushner, pela participação nas negociações com o Hamas.

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O primeiro-ministro israelense disse que Witkoff e Kushner trabalharam dia e noite para que o acordo fosse aprovado.

“Sabemos que isso é para o bem de Israel e dos Estados Unidos, para o bem das pessoas decentes em todos os lugares e para o bem dessas famílias que finalmente poderão se reunir com seus entes queridos. Quero agradecer a ambos em nome deles e em nome do povo de Israel”, afirmou Netanyahu.

Mais cedo nesta quinta, Khalil al-Hayya, importante figura do Hamas, havia afirmado que recebeu garantias dos Estados Unidos e de mediadores envolvidos nas negociações de paz com Israel de que “a guerra terminou completamente”.

Em sua declaração, Hayya disse que o acordo inclui um “cessar-fogo permanente”, a retirada das tropas israelenses, a troca de prisioneiros e a entrada de ajuda humanitária e a reabertura da passagem de Rafah.

Já o ministro Itamar Ben-Gvir, alinhado à direita radical israelense, afirmou mais cedo que votaria pela derrubada do governo se o Hamas não for “desmantelado”.

“Se o governo do Hamas não for desmantelado, ou se apenas nos disserem que está desmantelado, mas, na realidade, ele continuar existindo sob uma aparência diferente, o Otzma Yehudit [partido] desmantelará o governo”, disse ele em um comunicado, referindo-se ao seu partido, parte da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Ben-Gvir também afirmou que se oporia a qualquer acordo que significasse a libertação de prisioneiros que Israel acusa de cometer assassinatos.

“Eu e os ministros do Otzma Yehudit não poderemos levantar as mãos em favor de um acordo que liberte esses terroristas assassinos, e nos oporemos a isso no governo”, disse.

Força multinacional para monitorar cessar-fogo

Tom Bateman, jornalista da BBC especializado na cobertura do Departamento de Estado dos EUA, ouviu de uma fonte de alto escalão do governo americano que uma força multinacional com cerca de 200 agentes, supervisionada pelo exército americano, monitorará o cessar-fogo em Gaza.

Essa força provavelmente incluirá tropas do Egito, Catar, Turquia e Emirados Árabes Unidos. A fonte disse que a função desses agentes será “supervisionar, observar e garantir que não haja violações ou incursões” do cessar-fogo em Gaza.

Um outro funcionário de alto escalão dos EUA disse que nenhuma força americana estaria em Gaza — o papel americano seria criar um “Centro de Controle Conjunto”, que “integrará” a força multinacional que está sendo planejada.

Enquanto isso, a Agência de Defesa Civil de Gaza, administrada pelo Hamas, afirmou durante a tarde de quinta estar trabalhando no local de um ataque a uma casa na Cidade de Gaza.

A organização afirma que mais de 40 pessoas ficaram presas sob os escombros.

A emissora pública israelense Kann citou uma fonte militar afirmando que um ataque a um prédio residencial em Gaza teve como alvo uma estrutura onde “atividade contra as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) foi detectada”.

Na quarta-feira (08), Donald Trump, anunciou a aprovação do “primeiro estágio de um acordo de paz entre Israel e o Hamas” que poderia levar ao fim do conflito em Gaza.

O anúncio ocorreu dois anos e dois dias após Israel lançar uma ofensiva militar na Faixa de Gaza em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023, quando homens armados liderados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram outras 251 reféns em Israel.

Desde então, mais de 67 mil pessoas foram mortas nas operações militares israelenses em Gaza, incluindo cerca de 20 mil crianças, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou o momento como “um grande dia para Israel” e disse que seu governo se reuniria nesta quinta para aprovar o acordo e “trazer todos os nossos queridos reféns de volta para casa”.

Ao confirmar o anúncio, o Hamas declarou que o pacto “encerra a guerra em Gaza, garante a retirada completa das forças de ocupação, permite a entrada de ajuda humanitária e estabelece uma troca de prisioneiros”.

Na Casa Branca, o repórter da BBC Bernd Debusmann Jr perguntou a opinião de Trump, que estava reunido com homólogo finlandês, Alexander Stubb, sobre a possibilidade de um Estado palestino no futuro.

“Vamos ver como tudo vai. Chegará um ponto em que poderemos fazer algo que seja um pouco diferente e talvez muito positivo para todos”, respondeu.

“Vamos analisar isso na ocasião”, acrescenta. “Acho que chegaremos lá.”

Seu plano de paz, contendo 20 pontos, sugere que a criação de um Estado palestino se certas condições forem atendidas.

Trump deve visitar Israel e o Egito no fim de semana, como parte de uma viagem ao Oriente Médio.

Em Paris, líderes europeus e árabes se reuniram em um encontro liderado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir a próxima etapa do plano proposto.

A reunião envolveu França, Alemanha, Reino Unido e a Espanha, além de representantes do Egito, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Jordânia.

A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Yvette Cooper, afirmou que não pode haver papel para o Hamas em Gaza.

 

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