MUNDO
Governo de Israel aprova cessar-fogo em Gaza
O governo e o gabinete de segurança de Israel aprovaram o acordo de cessar-fogo em Gaza na noite desta sexta-feira (17/01, horário do Brasil).
As objeções dos ministros de direita radical no governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não foram suficientes para rejeitar o acordo.
Antes mesmo das votações, após uma série de negociações e atrasos de última hora, Netanyahu confirmou que havia sido finalizada a negociação para a libertação de reféns sequestrados em Israel e que estão atualmente em Gaza.
Em troca, prisioneiros palestinos atualmente em Israel serão soltos.
Segundo o gabinete de Netanyahu, os primeiros reféns poderão ser libertados já no domingo (19). Os nomes dos 33 reféns que serão soltos em uma primeira etapa do acordo já foram divulgados.
O atraso na votação, inicialmente prevista para quinta-feira (18), gerou dúvidas — Netanyahu havia garantido que, caso o acordo fosse aprovado pelos órgãos de Israel, a libertação dos primeiros reféns ocorreria conforme o planejado.
O que o acordo prevê
O acordo, intermediado pelos Estados Unidos e pelo Catar, é dividido em três fases, com objetivos distintos e escalonados.
Na primeira fase, que entra em vigor em 19 de janeiro e terá duração de seis semanas, 33 reféns, incluindo mulheres, crianças e idosos, serão libertados em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Paralelamente, as forças israelenses devem recuar para o leste, afastando-se das áreas mais densamente povoadas de Gaza. Esse movimento permitirá que palestinos deslocados comecem a retornar às suas casas, interrompendo temporariamente o conflito direto em áreas urbanas.
Além disso, está prevista a entrada diária de centenas de caminhões de ajuda humanitária no território palestino, aliviando a grave crise humanitária na região.
A segunda fase do acordo será marcada por novas negociações para a libertação dos reféns restantes. Esse período também incluirá o recuo total das tropas israelenses em Gaza e esforços para alcançar uma “calma sustentável”.
A expectativa é que essa etapa estabeleça as bases para um acordo mais duradouro, evitando a retomada imediata do conflito armado.
Por fim, a terceira e última fase focará no retorno dos restos mortais de quaisquer reféns que não sobreviveram ao cativeiro.
Além disso, será iniciada a reconstrução de Gaza, o que inclui a restauração de infraestrutura essencial e assistência às famílias afetadas pela destruição.
Esse processo, no entanto, pode levar anos, considerando a magnitude dos danos causados pelo conflito.
A situação agora
Enquanto isso, a violência persiste. Desde o anúncio do acordo, mais de 100 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses, incluindo 27 crianças e 31 mulheres, segundo a defesa civil de Gaza.
Bombardeios recentes atingiram casas em diferentes partes do território, agravando ainda mais a crise humanitária.
A situação humanitária em Gaza é crítica, com 91% da população enfrentando insegurança alimentar aguda, segundo dados da ONU.
Os suprimentos de ajuda humanitária diminuíram drasticamente desde o início do conflito.
Antes de outubro de 2023, cerca de 500 caminhões de ajuda, incluindo combustível, entravam em Gaza diariamente. No entanto, em outubro de 2024, essa média caiu para apenas 37 caminhões por dia.
A agência da ONU dedicada às crianças, a Unicef, relatou que “milhares de carregamentos de ajuda” estão retidos em armazéns na Jordânia, aguardando para entrar em Gaza.
Rosalia Bollen, porta-voz da Unicef, disse ao programa Today, da BBC Radio 4: “Estamos muito esperançosos de que as condições no terreno melhorem com o cessar-fogo.”
Contudo, mesmo que os suprimentos sejam liberados, haverá grandes desafios para distribuí-los devido aos danos na infraestrutura e à insegurança na região.
No país liderado por Netanyahu, a política interna refletiu as tensões em torno do acordo, que teve resistência de membros do governo de direita radical, como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich.