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MUNDO

Imigrante e defensora do aborto: quem é Melania Trump, a discreta primeira-dama que retorna ao posto nos EUA

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Depois de uma corrida eleitoral histórica, Donald Trump volta à Casa Branca em 2025. Junto a ele, a discreta Melania Trump, de 54 anos, retorna ao posto de primeira-dama do país. Historicamente, o cargo já foi ocupado por figuras notáveis e de grande destaque, como Jacqueline Kennedy e Michelle Obama. Na contramão, a esposa do republicano promete continuar mantendo uma participação contida durante o governo, assim como fez na primeira ‘Era Trump’, entre 2017 e 2021.

No primeiro mandato do marido, Melania assumiu o posto de primeira-dama com um feito histórico: foi a primeira mulher com dupla nacionalidade a ocupar o cargo, a primeira naturalizada americana e a primeira a não ter nascido nos Estados Unidos desde Louisa Adams, esposa de Quincy Adams, que foi presidente do país entre 1825 e 1829.

Apesar de defender os interesses dos norte-americanos ao lado do marido, a primeira-dama não é natural do país. Na verdade, Melania nasceu em 1970 na cidade de Novo Mesto, na antiga Iugoslávia comunista, que hoje faz parte da Eslovênia.

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Sua origem foi usada, inclusive, para defender a reeleição do marido em um evento que oficializou a candidatura de Trump em 2020, ainda contra Joe Biden. “Ao crescer na Eslovênia, com domínio comunista, eu sempre ouvia falar dos Estados Unidos, um lugar de oportunidades”, discursou Melania.

“O trabalho duro e a dedicação permitiu que eu conquistasse o sonho americano. Como imigrante e mulher independente eu entendo o privilégio que é viver aqui”, completou.

Terceira ‘senhora Trump’

Antes de se mudar para os Estados Unidos, Melania Trump estudou arquitetura e design na Universidade de Liubliana, na capital da Eslovênia. Antes mesmo de concluir, ela desistiu do curso para investir na profissão de modelo.

No início da carreira, ela chegou a posar nua para a revista francesa Max, em 1996. No mesmo ano, ainda assinando como Melania Knauss, a eslovena se mudou para o estado americano de Nova York, em busca de crescimento profissional.

Foi neste mesmo período que sua vida cruzou com a de Donald Trump. A então modelo trabalhava para a revista Allure quando conheceu o magnata durante um evento de moda. Na época, o republicano ainda era casado com sua segunda esposa, Marla Maples, de quem se divorciou em 1999.

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O encontro dos dois foi intenso e eles logo engataram um namoro. O casamento, no entanto, só viria em 2005, em uma cerimônia discreta em Palm Beach, na Flórida. Esse foi a primeira união oficial de Melania, mas ela, naquele momento, se tornou a terceira ‘senhora Trump’.

Isso porque o presidente eleito já tinha sido casado outras duas vezes e era pai de quatro filhos, frutos das relações anteriores. Com Melania, ele teve seu caçula: Barron William Trump. O jovem tem 18 anos, uma diferença de quase 30 anos para o seu irmão mais velho, Donald Trump Jr., de 46.

Esfinge Melania

Desde que o marido assumiu a presidência dos Estados Unidos pela primeira vez, Melania Trump é apontada como uma primeira-dama discreta e já foi chamada de ‘esfinge’ pela mídia internacional. Enquanto Trump é conhecido por discursos explosivos e posicionamentos polêmicos, ela prefere se manter mais contida e discreta.

O contraste pode ser visto, por exemplo, na questão da imigração. Boa parte das campanhas de Trump desde sua primeira eleição enfatizavam o desejo de criar um sistema rígido contra imigrantes no país. Na eleição de 2024, o republicano chegou a falar em “deportação em massa”.

Em contrapartida, sua própria esposa é uma imigrante. Porém, Melania não usa sua origem para se posicionar sobre o tema publicamente. Em sua autobiografia homônima, lançada em outubro, a futura primeira-dama se limita a dizer que os dois já conversaram sobre o tema em casa, mas que prefere manter as divergências no particular.

“Discordâncias políticas ocasionais entre mim e meu marido são parte de nosso relacionamento, mas eu prefiro abordá-las em particular em vez de desafiá-lo publicamente”, escreveu

Mesmo discreta, Melania não passou ilesa às acusações públicas durante a primeira campanha e o primeiro mandato de Donald Trump. Na época, chegou-se a especular que a ex-modelo teria trabalhado ilegalmente nos EUA, antes mesmo de conseguir um visto de trabalho. A equipe do republicano sempre negou as alegações.

Em 2016, a esposa de Trump também foi duramente criticada ao discursar em um evento do partido. Muitos apontam plágio de um texto escrito por Michelle Obama, ex-primeira-dama e esposa de Barack Obama. Melania não foi à público se retratar, mas o redator do discurso pediu desculpas publicamente.

Durante os quatro anos do primeiro governo Trump, ela preferiu se manter discreta para se esquivar da opinião pública após as polêmicas de campanha. Ao final do mandato, Melania ainda quebrou a tradição de ‘passar o bastão’ do cargo em um chá da tarde com a futura primeira-dama, na época Jill Biden, esposa de Joe Biden.

Discreta diante das polêmicas

Melania Trump continuou discreta mesmo diante de polêmicas e escândalos pessoais. Quando o marido e então ex-presidente inflamou eleitores em direção ao Capitólio em uma tentativa de reverter o resultado das eleições na qual Biden foi escolhido, em 6 de janeiro de 2021, a ex-primeira-dama preferiu o silêncio.

A postura foi a mesma quando escândalos pessoais vieram à tona. Em maio deste ano, Trump foi condenado por comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels, com quem teve um caso já casado com Melania. O republicano teria subornado o ex-affair para evitar polêmicas em sua primeira campanha, em 2016.

Também neste ano, Trump foi condenado a indenizar a jornalista E. Jean Carroll por um estupro cometido em 1996, pouco antes de Melania o conhecer. Mesmo com a sequência de polêmicas, Melania se manteve calada.

Já durante a corrida eleitoral de 2024, a então ex-primeira-dama preferiu investir na divulgação de sua autobiografia, ‘Melania’. Enquanto o marido fazia comícios por todo o país, ela participou de um circuito de entrevistas na televisão para promover o lançamento da obra.

Há um mês à venda, o livro se tornou um best-seller rapidamente, como resultado da curiosidade dos americanos em saber a opinião de uma primeira-dama que sempre evita se posicionar.

Uma das passagens da autobiografia, aliás, gerou polêmica. Isso porque Melania Trump defendeu de forma contundente o direito ao aborto nos Estados Unidos, pauta rechaçada pelo marido na disputa contra Kamala Harris.

“Restringir o direito de uma mulher de escolher se deseja interromper uma gravidez indesejada é o mesmo que negar-lhe o controle sobre o próprio corpo. Carreguei essa crença comigo durante toda a minha vida adulta”, escreveu.

Além de seu livro, a única situação que fez a esposa de Trump quebrar o silêncio durante a corrida eleitoral foi quando o marido foi atingido por uma bala na orelha em um comício em Butler, na Pensilvânia, em julho. Para a Fox News, Melania lamentou o episódio e criticou os eleitores democratas.

“É realmente chocante que toda essa violência atroz vá contra meu marido, especialmente quando ouvimos líderes do partido de oposição e a mídia tradicional rotulando-o como uma ameaça à democracia, chamando-o de nomes horríveis. Eles estão apenas alimentando uma atmosfera tóxica e dando poder a todas essas pessoas que querem prejudicá-lo. Isso precisa parar. O país precisa se unir”, argumentou.

 

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