MUNDO
Irã e Israel continuam os ataques, aumentando preocupações com a economia global

O Exército israelense confirmou esta manhã que mísseis foram lançados a partir do Irã e que as forças de defesa aérea estavam tentando interceptar os projéteis.
Até o momento, não há registro de impactos diretos nem de feridos. Do outro lado, no Irã, a agência Fars, ligada à Guarda Revolucionária Iraniana, informou que unidades de defesa aérea entraram em ação diante de ataques israelenses na região de Karaj, a oeste de Teerã. Moradores relataram nas redes sociais dezenas de explosões.
No 11º dia da guerra, o exército israelense anunciou o bombardeio de locais de lançamento e armazenamento de mísseis terra-terra na região de Kermanshah, no oeste do Irã. Durante a noite, Israel teria bombardeado alvos militares estratégicos no território iraniano, incluindo a região de Parchin — um complexo militar ao sudeste de Teerã, suspeito de abrigar testes com explosivos de alta potência e, segundo alguns relatórios, atividades ligadas ao enriquecimento de urânio.
O governo iraniano nega qualquer uso nuclear em Parchin, mas continua se recusando a permitir inspeções da agência da ONU responsável por monitorar programas nucleares. “Expansão da guerra” e consequências econômicas Reagindo aos ataques de bombardeiros americanos que lançaram bombas destruidoras de bunkers, as Forças Armadas iranianas ameaçaram Washington com o risco de “expansão da guerra na região”.
“Os combatentes do Islã infligirão consequências pesadas e imprevisíveis a vocês com operações (militares) poderosas e direcionadas”, alertou o porta-voz, Ebrahim Zolfaghari, em um vídeo transmitido pela televisão estatal.
No domingo, um conselheiro do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, declarou que os Estados Unidos “não tinham mais lugar” no Oriente Médio e que deveriam esperar “consequências irreparáveis”. Citado pela agência de notícias oficial IRNA, Ali Akbar Velayati chegou a alertar que as bases americanas nos países árabes do Golfo seriam consideradas “alvos legítimos”.
O Parlamento do Irã aprovou uma medida que prevê o fechamento do Estreito de Ormuz — uma das rotas mais estratégicas do mundo para o transporte de petróleo. A decisão final, no entanto, será tomada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, segundo informou a imprensa estatal iraniana. Nesta segunda, a Alta Representante para a Política Externa da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que fechar o Estreito de Ormuz seria “extremamente perigoso”.
A China, que importa petróleo iraniano, também alertou esta manhã sobre o impacto da guerra na economia global e no comércio internacional no Golfo. O ministério das Relações Exteriores da China reiterou a todas as partes envolvidas no conflito para “impedir a escalada, evitar a propagação da guerra e retornar ao caminho de uma solução política”.
Nesse sentido, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, “encorajou” a China a ajudar a impedir o Irã de fechar o Estreito de Ormuz, uma rota marítima por onde passam 20% da produção global de petróleo.
Cerca de 84% do petróleo que transita pelo Estreito de Ormuz, na costa do Irã, tem como destino a Ásia — China, Índia, Coreia do Sul, Japão — economias altamente vulneráveis a uma restrição do tráfego marítimo no caso de uma escalada de conflito no Oriente Médio.
O preço do petróleo bruto subiu quase 6%, no início do pregão, nas bolsas asiáticas. Discussões na Rússia
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, está em Moscou nesta segunda-feira para consultas de “grande importância” com a aliada Rússia, onde se reunirá com o presidente Vladimir Putin.
O Irã busca apoio internacional. O porta-voz em Teerã, Esmail Baghai, considerou que os Estados Unidos “traíram a diplomacia” ao atacar o país dias antes de mais uma rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano, com mediação de Omã.
Marginalizadas pela intervenção americana no conflito, potências europeias como França, Alemanha e Reino Unido pediram para Teerã, no domingo, que “não empreendesse novas ações capazes de desestabilizar a região”. O presidente americano, Donald Trump, já questionou abertamente a ideia de “mudança de regime” no Irã.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou seu aliado americano, que, segundo ele, impôs uma “virada histórica” que poderia levar o Oriente Médio a “um futuro de prosperidade e paz”.
Impossível avaliar os danos
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) realiza uma “reunião de emergência” em Viena nesta segunda-feira.
De acordo com o diretor da instituição, Rafael Grossi, é impossível, neste momento, avaliar a extensão dos danos causados às três instalações nucleares iranianas bombardeadas pela Força Aérea dos EUA.
A AIEA solicita acesso ao estoque de urânio altamente enriquecido do Irã para “fazer um balanço”, mas não se sabe onde o material estaria depositado.
Em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, no domingo, o Secretário-Geral António Guterres denunciou o “risco” de o mundo “se perder em um ciclo de retaliação”.(Com AFP)
