MUNDO
Morre José Mujica, ex-presidente uruguaio e ícone da esquerda

José Mujica, ex-presidente do Uruguai, faleceu aos 89 anos, deixando um legado marcado pela defesa de políticas sociais e pela visão humanista. Sua gestão (2010-2015) foi transformadora, com um significativo aumento do gasto social, passando de 60,9% para 75,5% dos gastos públicos. Este compromisso com a população se refletiu em um aumento de 250% no salário mínimo, demonstrando sua prioridade em reduzir a desigualdade.
Mujica também se destacou por sua ousadia política, propondo e concretizando a legalização do consumo e da venda da maconha no Uruguai em 2012 – uma medida controversa que gerou debates globais sobre regulamentação de drogas.
Após o mandato presidencial, Mujica retornou ao Senado, cargo que ocupou até 2020, quando se afastou por questões de saúde em meio à pandemia de Covid-19. Seus últimos anos foram marcados pela simplicidade, dedicando-se ao cultivo de sua horta. Sua postura de vida, aliada à doação de cerca de 90% de seu salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza, consolidou sua imagem de político austero e comprometido com a justiça social.
Sua visão de mundo, declaradamente ateísta, era pautada por uma profunda admiração pela natureza, como ele mesmo definiu em uma entrevista de 2012: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”. José Mujica deixa para trás um exemplo incomum na política, alicerçado na humildade, na coerência entre discurso e prática e na firme convicção de que a justiça social é um pilar fundamental para o desenvolvimento de um país.
