O primeiro pouso humano em Marte vai demorar um pouco mais do que a previsão dos mais otimistas, mas já existe uma data marcada — e ela é bem agressiva. Em uma declaração de representantes da NASA, a ideia é fazer isso acontecer em 2040, mas eles alertam que o prazo é um grande desafio devido à quantidade de tecnologias que precisam ser desenvolvidas e testadas.
Durante a conferência 2023 Humans to Mars Summit, Jim Reuter, administrador associado do Space Technology Mission Directorate (STMD) da NASA, afirmou que o prazo de 2040 “pode parecer muito, mas é muito pouco tempo para desenvolver as tecnologias que precisamos”.
Em 2022, alguns documentos internos da NASA acessados pelo Ars Technica já apontavam para atrasos nos cronogramas otimistas do programa de exploração espacial das próximas décadas. No cerne de todos esses planos, está o pouso humano em Marte — o próprio programa Artemis, focado na Lua, tem isso como um dos objetivos finais.
Na “era” de John Birdenstine na NASA, o diretor chegou a comentar que seria possível levar astronautas ao Planeta Vermelho em 2035, desde que todas as agências espaciais parceiras ao redor do mundo conseguissem convencer seus respectivos governos a fornecer todo o apoio necessário.
Os tais esforços devem ser, mais uma vez, focados no programa Artemis, muitas vezes descrito como “trampolim para Marte”. É que os planos para a Lua durante as próximas missões, como a estação espacial Gateway e a própria base humana em superfície lunar, com a exploração de recursos naturais, serão usados para impulsionar os lançamentos para solo marciano.
Dito isto, é claro que atrasos no programa Artemis resultarão em alterações no cronograma e, em última análise, no pouso em Marte. Embora o primeiro envio de humanos ao Planeta Vermelho ainda possa ocorrer na década de 2030, a equipe não pousará por lá, mas fará uma órbita para observações valiosas, com o objetivo de garantir a segurança do pouso da próxima tripulação.
Segundo a NASA, os astronautas podem até conseguir orbitar Marte em 2033, mas pisar no Planeta Vermelho antes de 2040 seria uma meta “agressiva” e “audaciosa”. Para isso acontecer, os humanos precisam ter estabelecido com louvor uma permanência sustentável na Lua e a estação lunar também precisa já ter suas tecnologias bem testadas.
Testar coisas como a Gateway, que ainda não está pronta, é um desafio maior do que parece, pois ela foi projetada para cumprir missões nunca realizadas antes. A estação orbitará a Lua, e hospedará suprimentos e astronautas para executar missões simuladas em Marte.
Para chegar a seu destino, a Gateway precisará passar pelo cinturão de radiação de Van Allen, ou seja, a NASA também precisará realizar missões simuladas para testar a “tecnologia avançada de proteção contra radiação” atualmente em desenvolvimento, mas esses testes levarão tempo, segundo Reuter.
Tudo isso sem mencionar o sistema Starship, da SpaceX, que também precisa ser bem sucedido em testes e nos lançamentos das missões Artemis durante os próximos anos. A explosão do primeiro protótipo ao tentar enviá-lo à órbita terrestre pode representar algum atraso, dependendo do tipo de falhas que terão que ser corrigidas.
De qualquer forma, a NASA quer tentar cumprir esse prazo rigorosamente agressivo e, para isso, apela novamente para os países parceiros e empresas comerciais que assinaram contratos de colaboração com o programa Artemis. “Será necessário esse tipo de parceria e esse tipo de relacionamento para atingir esses grandes e audaciosos objetivos que queremos alcançar”, disse Nicola Fox, também administrador associado do STMD.
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