MUNDO
Nobel da Paz para María Corina Machado tensiona relações entre Planalto e Casa Branca

A atribuição do Prêmio Nobel da Paz à líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, gerou desconforto nos bastidores do Planalto e da Casa Branca. O Comitê Norueguês do Nobel justificou a premiação da ativista pelo seu “esforço em manter acesa a chama da democracia venezuelana”.
María Corina Machado, que celebrou o prêmio com surpresa, coordenou a campanha de Edmundo González à Presidência da Venezuela no ano passado, após ser considerada inelegível em um processo liderado por aliados do regime de Nicolás Maduro.
A indicação de María Corina ao Nobel partiu do atual secretário de Estado americano, Marco Rubio, quando ainda ocupava uma cadeira no Senado. A confirmação do prêmio teria irritado a Casa Branca, que pressionava o Comitê Norueguês a laurear o ex-presidente Donald Trump pela mediação de acordos de cessar-fogo desde que assumiu o cargo. Trump, inclusive, classificou a indicação como “política”.
No governo Lula, a premiação de María Corina Machado também causou decepção. Celso Amorim, assessor especial da Presidência, ecoou a crítica de Trump e classificou a escolha como “política”.
Áudios obtidos pela CNN revelam que María Corina Machado fez um apelo ao presidente Lula durante as eleições do ano passado, pedindo que o Brasil desempenhasse um papel fundamental diante da América Latina e do mundo. Em outro áudio, enviado a um interlocutor brasileiro, a líder oposicionista critica a postura de Lula diante da perseguição do regime de Maduro às vésperas do pleito.
“Não posso crer que o governo do Lula, que passou pelo que passou, se mantenha calado, silente, diante dessa situação”, afirmou María Corina nos áudios.
A premiação de María Corina Machado expõe as tensões diplomáticas em torno da situação na Venezuela e a polarização política em relação ao regime de Nicolás Maduro. O Nobel da Paz para a líder oposicionista pode ter implicações nas relações entre Brasil, Estados Unidos e Venezuela.
