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MUNDO

Ondas gravitacionais inéditas varrem a galáxia e fazem a Terra balançar

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Ilustração simulando fusão entre buracos negros e mostrando como são formadas as ondas gravitacionais. Imagem: Aurore Simonnet/NANOGrav/Divulgação

Pela primeira vez, cientistas detectaram evidências de que a Terra e o universo estão inundados pelas ondas gravitacionais. A revelação veio na quinta-feira (29), em artigos científicos publicados na revista The Astrophysical Journal Letters.

“Podemos dizer que a Terra se movimenta devido às ondas gravitacionais que varrem nossa galáxia”, diz Scott Ransom, astrofísico do Observatório Nacional de Radioastronomia dos EUA, no estado de Virgínia.

Os astrônomos ouviram o zumbido de ondas gravitacionais de baixa frequência ecoando por todo o universo. Embora não sejam perceptíveis pelos seres humanos, as ondas gravitacionais da galáxia são capazes de distorcer o espaço-tempo.

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Tratam-se de ondulações no tecido rígido e duro do espaço-tempo. Isso é consequência dos fenômenos mais violentos que o cosmos pode gerar, como explosões e colisões entre estrelas ou fusões de buracos negros, por exemplo.

Ilustração simula dois buracos negros na galáxia. Imagem: YouTube/Reprodução

As ondas gravitacionais atingem a Terra o tempo todo, mas não tínhamos ferramentas sensíveis o suficiente para detectá-las – até agora.

Há anos, os cientistas buscaram o fundo da onda gravitacional, ou seja, um eco fraco mas persistente desse fenômeno. Agora, as investigações finalmente confirmaram sua existência.

Como foi a descoberta?

A revelação inédita é o resultado de 15 anos de observações feitas pelo North American Nanohertz Observatory for Gravitational Waves (NANOGrav).

Na investigação, a equipe usou radiotelescópios para monitorar 68 estrelas mortas, chamadas de pulsares. A partir daí, constatou que elas agiam como um conjunto de boias, flutuando em ondulações do espaço-tempo que “varrem” a galáxia.

“O efeito dessas ondas nos pulsares é extremamente fraco e difícil de se detectar, mas construímos confiança nas descobertas ao longo do tempo à medida que coletamos mais dados”, disse Katerina Chatziioannou, pesquisadora do NANOGrav, ao site EurekAlert. 

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A provável fonte da constatação é o sinal combinado de muitos pares de buracos negros gigantes – de milhões ou até bilhões de vezes a massa do Sol.

Essas ondas são milhares de vezes mais fortes e mais longas do que as encontradas em 2015, com comprimentos de onda de até dezenas de anos-luz. Por outro lado, as ondulações detectadas desde 2015 usando uma técnica chamada interferometria têm apenas dezenas ou centenas de quilômetros de extensão.

À esquerda, o físico Albert Einstein recebendo seu certificado de cidadania norte-americana, em 1940. Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução

Albert Einstein previu as ondas gravitacionais pela primeira vez em 1916. Mas o fenômeno só foi detectado pela primeira vez em 2015, pelo Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO).

À época, o colegiado captou uma explosão de ondas da fusão de dois buracos negros.

“Temos uma nova maneira de investigar o que acontece quando monstruosos buracos negros nos núcleos das galáxias iniciam uma lenta, mas inexorável, espiral de morte”, explica Joseph Lazio, integrante do NANOGrav.

“Achamos que esse processo é padrão para muitas galáxias e vimos muitos exemplos em várias etapas, mas finalmente estamos começando a vislumbrar uma das principais fases finais”, pontuou o pesquisador.

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