MUNDO
Por que a Lua está se afastando cada vez mais do planeta Terra?
A Lua tem bastante importância para o equilíbrio do planeta Terra, pois influencia na formação das marés e dos níveis de água pelo mundo. Mas há um tempo a astronomia descobriu uma coisa: um fenômeno chamado recessão lunar. Em outras palavras, ele significa que a Lua está gradativamente se afastando da Terra.
Segundo reportagem da BBC, o satélite se distancia de nós a cerca de 3,8 centímetros, ou 1,5 polegadas, por ano.
E assim como as marés, que decorrem da atração gravitacional entre os dois corpos celestes, a recessão lunar também deixa marcas na Terra. Por conta dele, nossos dias estão ficando cada vez mais longos.
Pouca coisa, é verdade. A duração do dia médio na Terra aumentou em cerca de 1,09 milissegundo por século desde o final do século 17, segundo a última análise disponível. Mas outras estimativas divergem e falam em um índice de 1,78 milissegundo por século, com base em observações de eclipses mais antigos.
Por que isso ocorre?
A Terra gira sobre o seu eixo — o movimento de rotação, que cria os dias e noites — em uma velocidade muito maior que a órbita da Lua. Com isso, o volume de água das nossas bacias oceânicas move-se levemente à frente da Lua na sua órbita, que tenta puxá-la de volta.
Este processo suga lentamente a energia de rotação da Terra e faz com que o planeta perca velocidade. Já o satélite ganha energia nesta troca e se move para uma órbita mais alta, causando o afastamento.
Quando a Terra foi formada, há 4,5 bilhões de anos, os dias duravam apenas seis horas, de acordo com modelos de computador. Depois, com a formação da Lua, o satélite retirou parte da energia de rotação da Terra com a sua gravidade. Por isso, nossos dias passaram a durar quase 24 horas.
A Lua atualmente fica a 384,4 mil quilômetros da Terra. Mas um estudo de dezembro do ano passado indica que, cerca de 3,2 bilhões de anos atrás, a Lua ficava a cerca de 70% da sua distância atual, ou seja, 270 mil km.
“A rotação mais rápida da Terra reduziu a duração do dia, de forma que [em um período de 24 horas], o Sol nascia e se punha duas vezes, não apenas uma, como acontece hoje”, explicou à BBC o geofísico Tom Eulenfeld, que liderou o estudo da Universidade Friedrich Schiller em Jena, na Alemanha.
É provável que a Lua não abandone totalmente a Terra — pelo menos não em um prazo relevante para a Humanidade. Mas o alongamento dos dias por aqui reduz a quantidade de água capturada nas geleiras e as coberturas de gelo, graças também ao derretimento das calotas polares advindo mudanças climáticas.
Especula-se que isso será parcialmente compensado pelas massas de terra recuperadas após perder peso das placas de gelo. Mas é difícil prever o impacto futuro disso como um todo para o nosso ambiente.