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MUNDO

Região brasileira pode ter crise hídrica histórica em 2024

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Um estudo inédito divulgado nesta quarta-feira (3) alerta que o Pantanal tem enfrentado desde 2019 o período mais seco das últimas quatro décadas. Ainda de acordo com o trabalho, o bioma deve enfrentar a pior crise hídrica de sua história neste ano.

Dados do satélite Planet

  • A pesquisa foi encomendada pelo WWF-Brasil e realizada pela empresa especializada ArcPlan, com financiamento do WWF-Japão.
  • O diferencial em relação a outras análises baseadas em imagens de satélite é o uso de dados do satélite Planet.
  • Os resultados apontam que, nos primeiros quatro meses do ano, quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água no Pantanal foi menor do que a do período de seca do ano passado.
  • Segundo os pesquisadores, “mesmo nos meses em que é esperado esse transbordamento, tão importante para a manutenção do sistema pantaneiro, ele não ocorreu”.
Áreas alagadas do Pantanal podem desaparecer (Imagem: Andre Maceira/Shutterstock)

Pantanal se aproxima do ponto de não retorno

Na Bacia do Alto Rio Paraguai, onde fica o Pantanal, a estação chuvosa ocorre entre os meses de outubro e abril, e a estação seca, entre maio e setembro. No entanto, entre janeiro e abril de 2024, a média da área coberta por água foi de 400 mil hectares, em pleno período de cheias, abaixo da média de 440 mil hectares registrada na estação seca de 2023.

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De acordo com os autores do estudo, os resultados apontam que o bioma está cada vez mais seco, o que o torna mais vulnerável, aumentando as ameaças à sua biodiversidade, aos seus recursos naturais e ao modo de vida da população pantaneira.

Incêndios têm destruído enormes áreas do Pantanal neste ano (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Eles ainda alertam que a sucessão de anos com poucas cheias e secas extremas poderá mudar permanentemente o ecossistema do Pantanal, com consequências drásticas para a riqueza e a abundância de espécies de fauna e flora, com grandes impactos também na economia local, que depende da navegabilidade dos rios e da diversidade de fauna.

Além dos eventos climáticos que agravam a seca, a redução da disponibilidade de água no Pantanal tem relação com ações humanas que degradam o bioma, como a construção de barragens e estradas, o desmatamento e as queimadas.

Diversos estudos já indicam que o acúmulo desses processos de degradação, acentuados pelas mudanças climáticas, pode levar o Pantanal a se aproximar de um ponto de não retorno. Isso significaria perder sua capacidade de recuperação natural, com redução abrupta de espécies e outros efeitos graves.

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