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MUNDO

Rússia não pode usar guerra do Iraque como justificativa para invadir Ucrânia, diz Tony Blair

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O presidente russo, Vladimir Putin, não pode utilizar a guerra do Iraque em 2003, travada por Estados Unidos e Reino Unido sem respaldo da ONU, para justificar a invasão da Ucrânia – disse o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Em 20 de março de 2003, Blair se juntou ao então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na ofensiva ao Iraque de Saddam Hussein.

Para especialistas, a guerra — que buscava armas de destruição em massa que nunca foram encontradas — foi uma operação imprudente que agora afeta a capacidade das potências ocidentais de fazerem oposição à expansão de regimes autoritários na Rússia e na China.

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Blair rejeita, no entanto, a ideia de que o presidente russo usou esse precedente para desafiar o Ocidente com seu ataque à Ucrânia no ano passado e com a anexação da Crimeia em 2014.

“Se ele não tivesse usado essa desculpa, teria usado outra”, disse o ex-líder do Partido Trabalhista britânico em entrevista à AFP e às agências de notícias europeias Ansa, DPA e EFE.

Para ele, a comparação não é possível, porque Hussein provocou duas guerras regionais, desafiou inúmeras resoluções da ONU e lançou um ataque químico contra seu próprio povo.

Já a situação da Ucrânia é o oposto, alega o ex-premiê. O país conta com um governo eleito democraticamente e que não apresentava ameaças aos seus vizinhos quando a Rússia iniciou sua ofensiva, observa Blair, da sede de seu Institute for Global Change, no centro de Londres.

O posicionamento há quase 20 anos enfraqueceu a figura do ex-primeiro-ministro como um mediador dos conflitos entre israelenses e palestinos depois que deixou o cargo em 2007.

Descrevendo-se como um defensor “muito fervoroso” de uma paz no Oriente Médio que parece “distante neste momento”, ele considera que os palestinos devem se inspirar em outro marco alcançado durante seu mandato, o Acordo de Paz na Irlanda do Norte.

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– Irlanda do Norte –

O Acordo de Paz da Sexta-feira Santa foi assinado em 10 de abril de 1998 por Blair e seu homólogo irlandês, Bertie Ahern, além de um enviado pelo então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

Na ocasião, paramilitares pró-Irlanda concordaram em baixar suas armas e unionistas pró-britânicos aceitaram compartilhar o poder regional após três décadas de conflitos que deixaram mais de 3.500 mortos.

“Eles mudaram de estratégia, e vejam o resultado”, relembrou Blair, considerando que esta é a forma correta de negociar a paz.

Hoje, porém, a região está mergulhada em uma nova crise política, com unionistas paralisando as instituições regionais por quase um ano, em oposição às consequências do Brexit.

– Reino Unido pós-Brexit –

Para o ex-premiê de 69 anos, um possível retorno do Reino Unido à União Europeia não será uma opção viável por muitos anos.

“A questão de saber se e como o Reino Unido volta à UE pertence a uma geração futura. Acho que essa é a realidade”, diz o político que se opôs fortemente ao Brexit.

“Acho que, no momento, o debate no Reino Unido é mais sobre até que ponto queremos reconstruir um relacionamento forte com a Europa, o que acho que deveríamos estar fazendo, e espero que os trabalhistas pensem o mesmo”, disse.

Para ele, Reino Unido e UE têm muitas questões a tratar em conjunto, como energia e clima, ou defesa e segurança, após a invasão russa na Ucrânia, além dos investimentos em tecnologia.

“Acho muito importante tentar cooperar em tecnologia”, acrescenta, “do contrário, a Europa, da qual o Reino Unido faz parte, será esmagada entre os dois gigantes da tecnologia, que são os EUA e a China, e talvez até por um terceiro, a Índia”, conclui.

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