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Tarifaço Americano: impacto negativo para empresas e empregos brasileiros

A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos gerou preocupação em encontro organizado pela FecomércioSP, que debateu os impactos econômicos da medida. A entidade classificou a ação como contrária aos princípios do comércio global, afetando negativamente empresas, empregos e o crescimento econômico brasileiro.
Otaviano Canuto, economista do Policy Center for the New South, estima uma redução de 0,9% no PIB brasileiro em um ano, considerando as exceções concedidas. Embora o impacto seja menor do que o previsto inicialmente, setores específicos como carnes e frutas serão fortemente afetados.
Thiago de Aragão, da Arko Advice, destaca a luta das empresas brasileiras para obter isenção das tarifas. Ele argumenta que as negociações efetivas se iniciam após a publicação da lista de produtos isentos pelos EUA. Para os setores excluídos, a alternativa é buscar outros mercados ou, na pior das hipóteses, reduzir investimentos. Aragão aponta que a estratégia americana de manter algumas tarifas é proposital, criando urgência e impulsionando as negociações. Ele ilustra esse padrão em outras negociações internacionais, onde questões políticas são usadas para pressionar os países.
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e no Reino Unido, defende a separação da questão político-diplomática da negociação comercial para resolver o impasse sem comprometer a soberania nacional e a relação bilateral. Ele critica a influência da oposição bolsonarista em Washington e a falta de contraponto por parte do governo brasileiro, especialmente em relação às sanções impostas ao ministro Alexandre de Moraes. Barbosa destaca o sucesso das negociações diretas entre empresas brasileiras e americanas, que conseguiram amenizar parcialmente o impacto das tarifas em cerca de metade das exportações brasileiras. Ele enfatiza a necessidade de ação do governo para contrapor a narrativa bolsonarista nos EUA e defender a imagem do Brasil. A situação exige uma estratégia equilibrada que concilie a defesa da soberania nacional com a busca de soluções para minimizar os impactos econômicos negativos das tarifas americanas.
