MUNDO
Tornado: como é o caça-bombardeiro alemão, capaz de empregar bomba nuclear
Oito meses após o início dos conflitos entre Rússia e Ucrânia, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), liderada pelos Estados Unidos, anunciou que seguirá com seu treinamento anual de guerra nuclear.
As extensas ofensivas da Rússia contra a Ucrânia acenderam um alerta mundial sobre a possibilidade do uso de ogivas atômicas e de uma Terceira Guerra Mundial, uma vez que o presidente russo, Vladimir Putin, além de outros membros de seu governo, aumentaram as ameaças contra áreas ucranianas.
Em meio ao poderio militar, está o famoso Tornado, uma aeronave multifuncional, certificada para portar armas nucleares. De acordo com o site Aircraft Recognition Guide (Guia de Reconhecimento de Aeronaves, em tradução literal), o Panavia Tornado é um projeto europeu, desenvolvido em conjunto por Alemanha, Itália e Reino Unido entre os anos 60 e 70, destinado a complementar o Lockheed F-104S Starfighter (caça interceptador norte-americano, uma aeronave a jato e monomotora, conhecida pelo alto índice de acidentes).
Tornado IDS (Interdictor – Interceptador/Strike – Ataque)
É uma versão básica de ataque à superfície, ou seja, aeronaves que interceptam os recursos inimigos que estão no chão, como soldados, tanques, entre outros.
Tornado ECR (Electronic Combat Reconnaissance – Reconhecimento de Combate Eletrônico)
É um avião exclusivamente para patrulha de energia eletromagnética dirigida com propósitos de controle, ou seja, ele capta frequências de energias e as intercepta, fazendo com que o inimigo não consiga acesso aos dados ou até mesmo ao painel de controle de suas forças.
Não possui canhões e foi modificado para transportar um sistema de localização de emissor (um controle que capta informações de localização ou comunicação) e o HARM (High-speed Anti Radiation Missile – Míssil anti-radiação de alta velocidade).
Tornado ADV (Air Defense Variant – Variante de Defesa Aérea)
Essa é a versão final, inicialmente desenvolvida apenas para a Royal Air Force (Força Aérea Real) britânica, mas também operada pela Itália e Arábia Saudita. É um avião interceptador, considerado como supremacia aérea, aquele com completo domínio e controle do ar e de quem está voando, seja da mesma nação seja inimigo.
A Otan e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos consideram essa aeronave como aquela em que “a força aérea adversária é incapaz de interferência efetiva”, isto é, não existem possibilidades desses aviões serem derrotados pelas forças inimigas. .
Celebração
Em 8 de setembro deste ano, a Força Aérea Militar italiana comemorou 40 anos do Panavia Tornado com uma homenagem em suas redes sociais, além de pintar aeronaves com as cores históricas retratadas em 1982, quando a Itália recebeu em torno de 100 aeronaves. Foram anexadas também as insígnias dos Grupos Voadores que pilotam os caças.
A comemoração se deu na base de Ghedi, na região da Lombardia, com a presença do Chefe de Estado Maior da Aeronautica Militare, pilotos, navegadores e especialistas antigos e ativos.
“Para celebrar os 40 anos do Tornado na Aeronáutica Militar, foi criado o Special Color (Cor Especial, na tradução literal), que reproduz as 4 pinturas históricas da aeronave, desde o início até hoje, e ostenta a insígnia dos Grupos Voadores que operam, ou têm operado, com o Tornado: os 102º, 154º, 155º e 156º”, diz o post com tradução não-literal feita pela jornalista.
De acordo com a empresa de análise militar Janes, a Rússia possui em seu efetivo mobilizado para a invasão à Ucrânia 1511 aeronaves de ataque contra apenas 98 aviões ucranianos, mostrando que seu poderio militar vai muito além de soldados e armas.
Como o Panavia Tornado é um projeto desenvolvido por países ligados à Otan, não existe nenhum documento que comprove o uso desses caças pelo governo russo, o que dá a entender que a aeronáutica de Putin prefere utilizar aviões fabricados em seu próprio país.
O avanço bélico do exército russo revela que a capacidade de destruição e tempo de guerra entre os dois países favorece muito mais a Putin do que a Zelensky, mas a guerra ainda está longe de acabar.
Ofensiva começou em fevereiro
No dia 24 de fevereiro de 2022, Putin anunciou publicamente que havia decidido iniciar uma operação militar especial no leste da Ucrânia, com objetivo de proteger as pessoas de um suposto genocídio. A bravata, no entanto, foi considerada infundada por todo Ocidente europeu, mas não impediu que Putin prosseguisse com seus planos. O ataque simultâneo – terra, ar e mar – foi o marco inicial da guerra que já dura oito meses e deixa milhares de mortos.
“E por isso lutaremos pela desmilitarização e ‘desnazificação’ da Ucrânia”, disse Putin. “Quem tentar nos impedir deve saber que a resposta da Rússia será imediata. E isso vai levá-lo a tais consequências que você nunca encontrou em sua história”, finalizou.
Ontem, a Otan decidiu reforçar a segurança em torno de instalações importantes devido aos intensos ataques da Rússia à Ucrânia, além das recentes ameaças ao Ocidente, e também monitora de perto todas as forças nucleares. Apesar das ameaças, o secretário-geral da Organização Jens Stoltenberg não vê nenhuma mudança na postura do país. Pelo segundo dia consecutivo, mísseis russos atingiram regiões ucranianas, deixando pelo menos 19 mortos. Belarus, aliada mais próxima a Moscou, também informou que iniciou um exercício para avaliar sua “prontidão de combate”.