POLÍCIA
Bolo envenenado: polícia conclui que Daise matou 4 pessoas; se estivesse viva, pena seria de mais de 100 anos
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Para a Polícia Civil, não restam dúvidas: Daise Moura dos Anjos, de 42 anos, matou quatro pessoas envenenadas com arsênio. As conclusões sobre a investigação foram apresentadas nesta sexta-feira, 21, em coletiva de imprensa. Como Daise foi encontrada morta na prisão, não houve indiciamento. Mas, se estivesse viva e fosse a julgamento, a pena poderia ultrapassar 100 anos.
O que as investigações apontam é que seu objetivo era matar sua sogra, Zeli dos Anjos. Daise colocou arsênio na farinha da casa de Zeli, e sua sogra usou o ingrediente, sem saber que estava envenenado, para fazer um bolo. Nisso, “como efeito colateral”, Daise acabou envenenando e causando a morte de três das pessoas que acabaram consumindo o alimento: as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, assim como a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.
Isso aconteceu em dezembro passado em Torres, no litoral do Rio Grande do Sul. Já a quarta vítima foi seu sogro, Augusto dos Anjos, que morreu três meses antes do caso do bolo envenenado. Ele ingeriu leite em pó contaminado pela nora, e isso foi constatado apenas com o desenrolar do caso.
“Ela é única autora [dos crimes]. Até o momento, não surgiu nenhum outro autor desse fato criminoso. E, por isso, em razão do seu falecimento, o fato dela ter tirado a própria vida no presídio de Guaíba, levou a extinção da punibilidade”, apontou o delegado Fernando Sodré, chefe de polícia, na coletiva desta sexta.
‘Provas robustas’
De acordo com a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias, Marguet Mittmann, a investigação foi fruto do trabalho de mais de 30 pessoas envolvidas, considerando quatro grupos especializados, cinco departamentos e toda uma equipe multidisciplinar.
Ela explica que foram realizadas centenas de análises de substâncias e de materiais que resultaram na produção de 35 laudos policiais — que ela considera como imprescindíveis para revelações importantes, como a determinação da causa da morte, que foi o envenenamento por arsênio, a determinação da fonte de ingestão do veneno, que foi o bolo, e a forma como o arsênio entrou na receita, que foi pela farinha envenenada.
Também foram produzidos laudos do setor de informática com mais de 60 páginas, onde há diversos elementos indicativos de pesquisas feitas por Daise, mostrando o caminho que ela fez para comprar arsênio pela internet. Ela, como já revelado, chegou a pesquisar na internet uma receita de veneno que fosse inodora e sem gosto e usou termos como ‘veneno’, ‘veneno para matar humano’.
“São provas extremamente robustas, qualificadoras e que, junto com o resultado da Polícia Civil, pudemos produzir um desfecho de que não tem sombra de dúvida do crime e da autoria do crime”, afirmou a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias.
Daise estava presa preventivamente desde o dia 5 de janeiro e, no último dia 13, foi encontrada morta na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, durante conferência matinal. A polícia afirma ser um caso de suicídio.
Atenção! Em caso de pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, por e-mail, chat ou pessoalmente. Confira um posto de atendimento mais próximo de você (clique aqui).
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