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POLÍCIA

Caso Marielle: PF encontra inconsistências na versão de delator sobre arma usada no crime

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Ronnie Lessa é apontado como o autor dos tiros que matou Marielle Foto: Reprodução

A Polícia Federal suspeita que Ronnie Lessa, o ex-policial militar reformado acusado de efetuar os disparos que resultaram na morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, possa estar mantendo em sigilo, inclusive do seu cúmplice Élcio de Queiroz, a identidade da pessoa que forneceu a arma utilizada no crime. As informações são da jornalista Camila Bomfim, da GloboNews.

De acordo com a delação premiada, Élcio informou aos investigadores que Ronnie Lessa revelou que a arma usada no crime era uma submetralhadora pertencente ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Segundo o delator, Ronnie Lessa afirmou que adquiriu a arma após um incêndio no paiol do Bope, local destinado ao armazenamento de armas e munições.

No entanto, a Polícia Federal considera essa versão inconsistente, pois não encontrou rastros da arma nem evidências de uma investigação interna na Polícia Militar sobre seu desaparecimento. Além disso, a PF identificou contradições entre a data em que Ronnie Lessa supostamente teria recebido a arma, logo após o incêndio no paiol do Bope em 1982, e a data real em que o Batalhão de Operações Especiais recebeu a arma, que foi em 1983, ou seja, após o ocorrido com o paiol.

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A Polícia Militar, por sua vez, informou que não investigou as causas do incêndio no paiol do Bope e também não possui registros da arma em seu banco de dados, devido a um alagamento ocorrido em 2016, que danificou os registros.

Veja as inconsistências encontradas no depoimento de Élcio de Queiroz:

  • Élcio Queiroz, afirmou que Ronnie Lessa comprou a arma do Bope de um terceiro, após ela ter sido extraviada em um incêndio no paiol do Bope na década de 1980;
  • Em resposta, a Polícia Militar do Rio informou que houve um incêndio em setembro de 1982, mas as armas só chegaram à corporação em janeiro de 1983, o que contradiz a versão de Lessa sobre a aquisição da arma após o incêndio;
  • A PM relatou que ocorreu outro incêndio em 1984, com perda de equipamentos, mas não há registros de armas como a utilizada no crime;
  • A PM alegou que parte de seus registros oficiais foi danificada por um alagamento ocorrido em 2016, o que dificulta uma pesquisa mais detalhada sobre o extravio da submetralhadora e possíveis investigações internas relacionadas ao caso.

De acordo com a PF, as inconsistências e lacunas de informações dificultam o rastreamento da arma utilizada no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

“Acerca do possível extravio de uma submetralhadora H&K MP5 relacionado a estes eventos, a corporação reputou como prejudicado o questionamento pela ausência de informações disponíveis em bancos de dados. Inclusive, apontou alagamento que destruiu diversos materiais e documentos no arquivo geral do BOPE em setembro de 2016”, disse a PF sobre a resposta da PM .

“Diante de tal resposta, os elementos coletados não permitem qualquer conclusão sobre a relação da arma usada na execução de Marielle Franco e Anderson Gomes e os referidos incêndios. Ressalta-se que as declarações de Élcio Queiroz sobre este assunto decorrem do que Ronnie Lessa teria dito, acarretando ainda mais incerteza e imprecisão sobre os fatos”, completa a PF.

Mesmo diante das inconsistências, os investigadores consideram a possibilidade de que Élcio de Queiroz tenha repassado o que sabia sobre o tema com base nas informações que Ronnie Lessa lhe forneceu. No entanto, como Lessa pode ter mentido sobre a origem da arma, Élcio pode ter inadvertidamente reproduzido essa falsa narrativa, segundo a avaliação da Polícia Federal.

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Os investigadores também consideram a hipótese de que Ronnie Lessa tenha criado a versão sobre a origem da arma para ocultar a verdade.

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