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POLÍCIA

Como foi a emboscada que matou o rival de Rogério de Andrade

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A prisão do mais poderoso bicheiro do Rio de Janeiro Rogério de Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, ex-chefe do jogo do bicho no Estado, ocorreu na manhã desta terça-feira, 29, quase quatro anos após a emboscada que resultou na morte de Fernando Iggnácio de Miranda, genro de Castor.

Fernando Iggnácio foi executado com tiros na cabeça em novembro de 2020, em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio, quando retornava de helicóptero de Angra dos Reis.

Segundo denúncia do Ministério Público, o crime foi cometido por Rodrigo Silva das Neves, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, conhecido como Farofa, Pedro Emanuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro, apelidado de Pedrinho, e Otto Samuel D’Onofre Andrade Silva Cordeiro.

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O grupo teria agido sob ordens de Márcio Araújo de Souza e do bicheiro Rogério. Além disso, o ex-policial militar Gilmar Eneas Lisboa foi apontado como o responsável por monitorar os passos de Iggnácio até o momento da execução.

De acordo com a denúncia, por volta das 9h, os quatro acusados chegaram ao local do crime em um carro. Três deles invadiram um terreno baldio ao lado do heliporto, portando armas de alto calibre (fuzis PARA FAL e AK-47, ambos de calibre 7,62 mm).

Após cerca de quatro horas de espera, Fernando Iggnácio desembarcou de seu helicóptero. Os criminosos se posicionaram atrás de um muro próximo ao estacionamento e, de uma distância de aproximadamente quatro metros, dispararam três vezes contra a vítima, atingindo-a, inclusive, na cabeça.

As investigações apontam que Márcio Araújo de Souza, responsável pela segurança de Rogério de Andrade, foi o intermediário na contratação dos executores, sob ordens diretas de Rogério. Rodrigo das Neves e Ygor da Cruz, dois dos envolvidos, já haviam trabalhado como seguranças da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, que tem Rogério como patrono.

Segundo o Ministério Público, o assassinato de Iggnácio foi motivado pela disputa entre contraventores pelo controle de pontos de exploração do jogo do bicho, videopôquer e caça-níqueis. Rogério e outros cinco suspeitos foram denunciados por homicídio triplamente qualificado.

Rivalidade dentro da família Andrade

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De acordo com o jornal O Globo, o bicheiro Castor de Andrade, que acumulou uma vasta fortuna ao longo de sua vida com dinheiro proveniente da contravenção e das máquinas caça-níqueis, possuía uma propriedade cercada de água em Ilha Grande, Angra dos Reis. Foi de lá que seu genro, Fernando Iggnácio, decolou de helicóptero antes de ser assassinado na emboscada de 2020. Ele e sua família tinham passado o fim de semana na casa construída no local, aproveitando o tempo livre com passeios de lancha.

A rivalidade dentro da família Andrade começou ainda em vida de Castor, quando ele escolheu Rogério para controlar as atividades ilícitas na Zona Oeste e em outras regiões do estado. Seu filho, Paulinho, não foi escolhido para sucedê-lo, o que gerou um conflito com o primo Rogério. Em 1998, Paulinho e um de seus seguranças foram assassinados na Barra da Tijuca. Após sua morte, Fernando Iggnácio, genro de Castor, assumiu a disputa de poder contra Rogério.

Castor de Andrade morreu de um infarto fulminante. Ainda vivo, ele havia dividido informalmente parte das terras da Ilha Grande entre seus dois filhos: Carmen Lúcia e Paulinho, com cada um tomando posse de uma parcela. No entanto, essa divisão não ocorreu de maneira pacífica.

A propriedade, parte do espólio de Castor, tornou-se foco de disputas entre os membros da família. Processos sobre a divisão das terras envolveram Fernando Iggnácio, sua esposa Carmen Lúcia, e Elizabeth Costa de Andrade Silva, viúva de Paulinho, tanto na Comarca de Angra dos Reis quanto no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, segundo o jornal.

 

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