Elisabeth estava em frente à mesa onde lecionava, conferindo o celular, quando o aluno a surpreendeu usando uma máscara e a golpeou ao menos dez vezes pelas costas. Segundo pais de estudantes, a professora teria apartado, na última semana, uma briga do adolescente que a matou com outro estudante, e por isso se tornou alvo dele.
“Escolheu a escola”
Professora de Biologia, Elisabeth foi técnica de laboratório no Instituto Adolfo Lutz, instituição laboratorial de ponta no estado, entre 1975 e 2020. Em 2015, começou a lecionar na rede pública e precisou escolher entre manter a carreira no laboratório ou seguir com o ensino.
“Ou ela continuava no Adolfo Lutz ou continuava na escola. E escolheu a escola”, disse Marco Antônio.
Elisabeth era recém-chegada à Thomazia Montoro. Até o ano passado, ela lecionava na E.E. Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, no Alto de Pinheiros, também na zona oeste da capital paulista. Nas redes sociais, assumiu a postura de avó coruja e divulgava feitos das netas, além de fotos com os filhos e amigos.
No âmbito acadêmico, publicava nas redes conteúdos sobre química e biologia (“essa é boa mesmo”, riu de piada que dizia que “tem muito halogênio se achando gás nobre”). Também gostava de passar recados positivos aos estudantes antes das provas.
“Desejo a todos os alunos uma ótima prova. Confiram o que precisam para levar (documento, caneta, água), usem roupas confortáveis e tenham calma, que tudo dará certo. Boa prova”, escreveu ela no primeiro dia de avaliação do Enem, em novembro do ano passado.
Abaixo da postagem, uma seguidora comentou: “Professora, você é uma fofa”.
Além da professora morta, outras quatro pessoas ficaram feridas no ataque. Segundo a Polícia Militar de SP, tudo começou por volta das 7h20.
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