POLÍCIA
Esquema de apostas: mulher de chefe movimentou R$ 2 milhões, mas não teme prisão
A mulher de Bruno Lopez Moura, apontado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) como líder da organização criminosa acusada de manipular jogos do futebol brasileiro em 2022, também estaria envolvida nos crimes, de acordo com o Estadão.
Camila Silva da Motta, foi denunciada pelo MP-GO por envolvimento no esquema. Enquanto o marido está preso preventivamente, ela vive em casa dias de apreensão com o filho de 5 anos e outros familiares.
Na investigação do MP, Camila é apontada como responsável por realizar transferências financeiras a integrantes da organização e “laranjas”. Tudo em benefício de jogadores cooptados.
Em relato no anonimato para o Estadão, a família não teme que ela seja presa, afirmando que ela não tem nenhum envolvimento.
“A Camila não tem envolvimento nenhum”, sustenta um dos familiares. “Estão falando em lavagem de dinheiro? Cadê o dinheiro? Ela mora de favor na casa”, acrescenta.
Camila desativou as redes sociais e vive reclusa em casa, evitando sair da residência. Hoje sem emprego, ela já trabalhou em duas academias e em um laboratório de análises clínicas. Sua última remuneração com vínculo empregatício, em janeiro de 2019, foi de R$ 856,75.
Por conta do envolvimento no caso, a mulher vai responder por constituir organização criminosa, com pena de três a oito anos de cadeia. Nas investigações, ela aparece dizendo querer ajudar o marido na operação, fazendo uma espécie de função de contabilidade.
Segundo as apurações do Estadão, a empresa com sede na casa do casal, a BC Sports Management, movimentou mais de R$ 2 milhões em pouco tempo.
Camila movimentou mais de R$ 2 milhões em pouco mais de seis meses, de março a setembro de 2022, entre entradas e saídas.
Em seis meses, foram movimentados na conta da empresa de Bruno e Camila a quantia de R$ 1.036.160,00 a crédito e R$ 1.047.233,00 a débito. Segundo a investigação, Bruno Lopez, seguidas vezes, indicou valores e contas para que a mulher fizesse as transferências bancárias, em conduta que perdurou até a véspera da deflagração da Operação Penalidade Máxima.
Partiu de Camila, por exemplo, uma transferência via PIX de R$ 40 mil que liga o esquema de apostas ao empresário Cleber Vinicius Rocha Antunes da Silva, o Clebinho Fera, de Curitiba, empresário amigo de muitos dos jogadores que atuam na elite do futebol brasileiro.
No nome dela constam três carros, inclusive o utilitário esportivo que Bruno Lopez disse, em depoimento, pertencer a ele. Na calçada em frente à casa de Camila estava estacionado um outro carro que o pai, um policial militar aposentado, deu para a filha. A residência onde ela passa os dias reclusa com o filho, na zona leste, também foi o pai que comprou.
Conversas de WhatsApp mostram que o empresário delegou à mulher a tarefa de fazer os pagamentos pela BC Sports de todo o esquema e também de gerenciar os cadastros usados para fazer entradas de apostas fraudulentas em sites como Bet365 e Betano, duas das principais casas que operam no Brasil. A investigação também concluiu que Camila era a encarregada de dar auxílio na prática das manipulações.