POLÍCIA
‘Estas pessoas são monstros’, diz sobrinha de homem que morreu esperando atendimento em UPA no Rio
Um vídeo que rodou as redes sociais chocou ao mostrar que um homem morreu sentado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, aguardando a consulta na noite de sexta-feira, 13. A família do rapaz, identificado como José Augusto Mota da Silva, de 32 anos, achou a notícia tão absurda que pensou ser um ‘trote’. Agora, os familiares afirmam que entrarão com medidas cabíveis.
Em entrevista ao jornal O Globo, a família relatou os momentos de terror vividos na madrugada de sexta para sábado, 14. Apesar de estar no Rio de Janeiro, José Augusto era de Mogi Guaçu, no interior de São Paulo. Foi de lá que os familiares ficaram sabendo da notícia trágica.
A última vez que o rapaz tinha entrado em contato com uma das irmãs foi justamente para se queixar de dores no estômago. Segundo Meiriane Mota da Silva, de 38 anos, ele reclamou do mal-estar e contou que já tinha marcado uma consulta numa clínica da família para investigar as dores.
A ligação feita por José Augusto foi na quarta-feira, 11. Dois dias depois, a família recebeu outra chamada, mas de um amigo do rapaz. Através das redes sociais, uma pessoa próxima localizou os familiares e deu a notícia: José Augusto morreu sentado esperando atendimento em uma UPA.
A informação parecia tão absurda que a ‘ficha’ não caiu. A família conta que, inicialmente, pensou até se tratar de um trote. Foi quando o vídeo de José Augusto desacordado na unidade de saúde passou a circular nas redes sociais.
Ao jornal O Globo, a sobrinha do rapaz expressou a revolta da família com o caso. “Ele poderia estar vivo. Essas pessoas que estavam de plantão na Upa são monstros. Vamos processar a prefeitura. A gente retornou as ligações desse amigo para confirmar que não era mentira. Foi quando começaram a circular os vídeos em que mostram meu tio morto. Ficamos chocados”, disse Emily Larissa, de 19 anos, filha de Meiriane.
O tio morava longe de casa há 12 anos, desde que se mudou para o Rio de Janeiro para trabalhar em dupla jornada como vendedor de artesanatos durante o dia e garçom à noite. “Ele decidiu morar no Rio depois de ficar muito triste com a morte da mãe”, contou Emilly.
A sobrinha e a irmã de José Augusto tiveram que ir à capital fluminense reconhecer e liberar o corpo do rapaz. O enterro foi programado para acontecer em Mogi Guaçu.
Todos demitidos
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os profissionais informaram que o rapaz chegou lúcido ao local, e entrou andando. A classificação de risco foi feita às 20h30 de sexta-feira, 13, mas, alguns minutos depois, a equipe médica foi acionada para atender o paciente desacordado.
José Augusto foi levado à Sala Vermelha para atendimento, mas não resistiu e faleceu de parada cardiorrespiratória. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para avaliação da causa do óbito.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, uma mulher que estava na UPA desabafa sobre o caso. “O homem chegou aqui gritando de dor, e só o atenderam depois que ele morreu. Isso é uma ruindade, uma ruindade, todos são culpados”.
Após a repercussão do caso, o secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, afirmou por meio de seu perfil no X, que todos os profissionais que estavam no plantão, no momento do ocorrido, serão demitidos.
“Todos os profissionais que estavam no plantão da UPA da Cidade de Deus, na noite de ontem, serão demitidos, responderão sindicância e serão denunciados nos seus respectivos conselhos de classe. É inadmissível não perceberem a gravidade do caso”, escreveu.