POLÍCIA
Ex-CEO da Americanas é solto em Madri após depoimentos; ex-diretora deve se entregar em Lisboa
Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, foi solto em Madri após breve detenção pela polícia espanhola. Ele foi preso na sexta-feira (28), após ter o nome incluído na lista de procurados da Interpol a pedido da Polícia Federal do Brasil. Gutierrez, que liderou a varejista por duas décadas, enfrenta acusações de comandar fraudes contábeis bilionárias na empresa. Após prestar depoimento às autoridades espanholas, foi liberado e poderá retornar ao seu lar em Madri, onde reside há um ano com dupla cidadania. A ex-diretora da Americanas, Anna Christina Ramos Saicali, também incluída na lista da Interpol a pedido da PF, deve se entregar em Portugal e retornar ao Brasil, evitando prisão preventiva. A decisão, parte de um acordo com a Justiça, Polícia Federal e MPF, permite que Saicali viaje sem detenção, entregando seu passaporte ao chegar.
A defesa de Gutierrez afirma que ele colabora com as investigações e nega envolvimento nas fraudes, aguardando agora a chance de exercer sua defesa tecnicamente. “A defesa de Miguel Gutierrez informa que o executivo se encontra em sua residência em Madri, na Espanha, no mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades espanholas e brasileiras, onde sempre esteve à disposição dos diversos órgãos interessados nas investigações em curso. Na data de ontem (28), o executivo compareceu espontaneamente ante as autoridades policiais e jurisdicionais com o fim de prestar os esclarecimentos solicitados. Diante do acesso aos autos, Miguel agora poderá exercer sua defesa frente às alegações originadas por delações mentirosas em relação a ele. A defesa reitera ainda que Miguel jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios, manifestando uma vez mais sua absoluta confiança nas autoridades brasileiras e internacionais.” Anna Saicali deve chegar ao Brasil neste domingo (30). Os dois são acusados, no âmbito da Operação Disclosure, que investiga a maior fraude financeira do Brasil, estimada em R$ 25,3 bilhões, envolvendo manipulação de mercado e lavagem de dinheiro.