POLÍCIA
Guerra do jogo do bicho pode estar por trás de tentativa de assassinato no Centro do Rio
A Polícia Civil investiga se uma disputa pelo controle de mais de 40 pontos do jogo do bicho, envolvendo contraventores da Zona Norte e integrantes da máfia do cigarro contrabandeado de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, está por trás da tentativa de assassinato do motorista Luiz Henrique de Souza Waddington, de 22 anos. Ele teve o carro que dirigia atingido por cerca de 40 tiros de fuzil, na última sexta-feira, no Catumbi, no Centro do Rio. Mesmo ferido por quatro tiros, ele se arrastou e conseguiu deixar o veículo. Socorrido, ele foi levado para o Hospital Souza Aguiar, onde está internado.
Nesta segunda-feira, Luiz Cabral, de 42, pai de Luiz Henrique, esteve na 6ª DP (Cidade Nova), acompanhado de um advogado, para prestar depoimento sobre o crime. Ele admitiu que trabalha gerenciando cerca de 45 pontos da contravenção, que funcionam entre os Bairros do Leblon, na Zona Sul, e o Engenho Novo, na Zona Norte, passando ainda pelo Centro, em áreas como Bairro de Fátima e Bairro da Lapa. Segundo Cabral, ele seria o alvo do atentado e não seu filho. Cabral contou que, um dia antes do crime, recebeu um telefonema mandando deixar o negócio. E que a partir daquela data o pessoal de Caxias, com apoio de uma parte da contravenção da Zona Oeste, seria responsável pela exploração dos pontos de bicho.
— Meu filho é motorista e não trabalha com contravenção. Mas, às vezes me leva de um lado para o outro. Na sexta-feira, ele estava vindo me pegar, em Vila Isabel, quando um Creta preto emparelhou com o carro dele e o fechou. Dois homens armados de fuzis desceram e atiraram nele. Ele levou quatro tiros e sobreviveu por milagre. Eles acharam que eu estava naquele carro. Um dia antes houve um telefonema onde me ameaçaram. Disseram que não era para mexer mais em nada e que agora seria tudo com eles. Tenho medo de morrer. Estou me sentindo ameaçado, estou com minha vida em risco. A do meu filho está em risco também. O carro dele levou de 30 a 40 tiros — disse.
Segundo o relato de Cabral, a disputa pelo controle de pontos de jogo do bicho já teria causado pelo menos duas mortes. Um delas teria ocorrido na Tijuca, no último dia 7. Na ocasião, dois pistoleiros desceram de um carro e dispararam tiros contra Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, de 41 anos, na Rua Caruso. Ele morreu na hora. Fernando tinha quatro anotações criminais por jogo de azar. Outro crime que estaria ligado a guerra seria a morte do miliciano Marco Antônio Figueiredo Martins, o Marquinhos Catiri, morto no dia 19 de novembro de 2022, em Del Castilho, na Zona Norte do Rio. A Delegacia de Homicídios da Capital, encarregada de investigar o caso, tinha como principal linha que os assassinos de Catiri prestariam serviços como mercenários para um núcleo da contravenção ligado a máfia de cigarros contrabandeados.
De acordo com investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Catiri seria ligado ao contraventor Bernado Belo, com que teria negócios. Num áudio gravado em maio de 2022, obtido pelo MPRJ, Catiri disse que sua cabeça estaria valendo R$ 4 milhões e que por isso precisou reforçar sua segurança.
A investigação da tentativa de homicídio contra o filho de Luiz Cabral é investigada pela 6ª DP. Nesta segunda-feira, ele esteve na delegacia, onde prestou depoimento sobre o caso por mais de quatro horas. Segundo o advogado André Bergeralck, que defende Cabral e o filho, ele vai pedir ao MPRJ que a dupla seja incluída num programa de proteção a testemunha.
De acordo com investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Catiri seria ligado ao contraventor Bernado Belo, com que teria negócios. Num áudio gravado em maio de 2022, obtido pelo MPRJ, Catiri disse que sua cabeça estaria valendo R$ 4 milhões e que por isso precisou reforçar sua segurança.