Ele chega a arrecadar até R$ 1 mil por dia e paga R$ 300 para mãe que leva o filho para participar do golpe. A presença das crianças alugadas durante as abordagens ajuda a sensibilizar as vítimas, que chegam a dar notas de dólar e euro.
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Um vídeo feito por celular, em outubro do ano passado, mostra Marcelo ao lado de uma mulher e uma criança de colo em um carrinho de bagagens, chorando (veja abaixo). A maioria das mulheres e crianças é recrutada na favela das Malvinas, que fica nos arredores do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
Além do vídeo, fotos revelam a diversidade de crianças e mulheres usadas por Marcelo e seu bando para pedir dinheiro aos passageiros do aeroporto internacional de São Paulo, como mostra a galeria abaixo.
Marcelo com “família alugada” em agosto de 2022
Após a publicação da reportagem, a 3ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur), do aeroporto de Guarulhos, abriu inquérito policial a fim de investigar o esquema de aluguel de crianças para mendicância.
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que a Polícia Civil vai apurar a denúncia feita pelo Metrópoles, “visando o esclarecimento dos fatos e a responsabilização dos autores”. A delegacia também oficiou o Conselho Tutelar para que o colegiado tome as medidas necessárias em relação às crianças usadas no esquema.
Golpista admite esquema
Em áudio obtido pelo Metrópoles, o próprio Marcelo admite pagar mulheres para que o acompanhem com as crianças no esquema de pedir esmola aos passageiros do aeroporto.
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Ele mesmo afirma já ter conseguido coletar R$ 1 mil em um dia — sem mencionar que também recebe parte da arrecadação feita por outras pessoas envolvidas no seu esquema –, dinheiro que diz usar para pagar as contas de casa e a pensão de três filhos.
Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar de Guarulhos afirmou que o colegiado de Cumbica, região onde fica o aeroporto, não recebeu denúncias sobre violações dos direitos das crianças usadas por adultos que pedem esmolas.
“O órgão irá apurar a situação e encaminhar um ofício para a Polícia Civil solicitando providências e investigação por se tratar de um crime”, diz trecho de nota enviada à reportagem.
“Mas é importante deixar claro que o relato da reportagem nos traz claramente uma situação de crime e, portanto, se faz necessária a atuação policial”, salienta o Conselho Tutelar.
Procurado, Marcelo Benedito da Silva não foi localizado pela reportagem para falar a respeito do esquema no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O espaço segue aberto para manifestação.