POLÍCIA
Jovem com câncer morre após ser espancado pela PM, denuncia família
O barbeiro Chris Wallace da Silva, de 24 anos, morreu após ter sido espancado de forma violenta por policiais militares de Goiás. É o que denuncia a sua família, que fez um boletim de ocorrência para que o caso seja investigado. A vítima tinha o diagnóstico de mieloma múltiplo, conhecido como câncer de osso.
De acordo com a denúncia, o jovem e um amigo estavam andando a pé a caminho de uma distribuidora de bebidas no bairro Fidélis, região sudoeste de Goiânia, quando foram abordados por policiais em uma viatura. O encontro ocorreu por volta das 19h do último dia 10/11 (uma quarta-feira).
Os militares teriam feito uma primeira abordagem normal, sem violência, mas em seguida espancaram os jovens, afirmam familiares. Chris teria apanhado mais por conta de sua condição física mais fraca. Mesmo após o amigo alertar sobre a doença, os policiais teriam batido a cabeça do barbeiro contra um muro e agredido ele com golpes no abdômen.
Ainda segundo a denúncia, após ser agredido, Chris correu para casa, onde chegou muito debilitado. A mãe do jovem conta que ele entrou para o banheiro da residência, onde teve uma crise convulsiva e vomitou sangue.
Espancamento com trauma
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) resgatou Chris, que antes de entrar na ambulância confirmou a agressão policial por meio de gestos. O jovem passou seis dias internado em estado gravíssimo no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), até morrer no dia 16/11.
O boletim médico do dia 11/11 atesta que o jovem sofreu um “espancamento com trauma cranioencefálico, contusões abdominais e pulmonares”. Ele estava intubado, respirando com a ajuda de aparelhos, e chegou a passar por uma cirurgia.
Segundo o advogado da família, Emanuel Rodrigues, Chris foi diagnosticado com câncer nos ossos quando tinha 14 anos. Ele passava por um tratamento desde então e estava se sentindo melhor depois de ter feito um transplante de medula óssea.
Investigação
Imagens de câmeras de segurança mostram quando o barbeiro e o amigo andavam na rua e a viatura policial passando na mesma direção em seguida, no mesmo horário da agressão relatado pelas testemunhas.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSPGO) e com a Polícia Militar, mas não teve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
A reportagem questionou se foi aberto inquérito policial para apurar o caso, qual o apoio que a família da vítima vai receber e se os policiais envolvidos foram identificados e afastados das atividades.