POLÍCIA
Jovem de 18 anos que sofreu violência sexual de PM diz que foi ameaçada com faca
A jovem de 18 anos que denunciou ter sido torturada e estuprada por um policial militar na noite de quarta-feira, em Saquarema, na Região dos Lagos, diz que foi ameaçada com uma faca pelo agente. O caso teria acontecido no distrito de Bacaxá, por volta das 23h, e é investigado pela 124ª DP (Saquarema) como estupro.
O exame de corpo de delito, realizado no Instituto Médico Legal (IML) horas após o registro de ocorrência na delegacia, apontou a existência “lesão corporal contusa em membros superiores, vulva e vagina”. O relatório descreve também “vestígios de violência sexual”, além de hematomas nos braços causados por “ação contundente”.
Segundo o advogado de defesa da vítima, Thiago Camarinha, a jovem está trancada dentro de casa desde a denúncia.
— Ela está traumatizada. Só consegue falar porque quer justiça, mas está com muito medo — conta Camarinha.
Entenda o caso
Aos policiais, a vítima contou que foi a um bar a convite de uma amiga, na região de Bacaxá. No local, presenciou a chegada de um grupo de três jovens que estariam usando drogas na área externa do estabelecimento. O grupo se dispersou com a chegada de uma viatura da Polícia Militar.
Segundo o relato, dois PMs que estavam no carro — identificados como Cabo de Paula, lotado na UPP Rocinha, e Cabo Simas, da UPP do Alemão — desceram e abordaram as duas jovens, questionadas sobre as drogas e levadas para o carro. Os policiais teriam afirmado que “ação fazia parte do procedimento”.
Os PMs teriam levado a dupla para uma região de mata, no bairro Vila Tur, a seis quilômetros de Bacaxá. A vítima disse ter estranhado a rota e a atitude dos policiais e afirmou ter pedido para ir ao banheiro. Neste momento, o Cabo de Paula teria se oferecido para acompanhá-la e, com uma faca, teria ameaçado a jovem a manter relações sexuais com ele por cerca de 20 minutos, segundo o advogado.
Segundo o delegado responsável pelo caso, André Luiz Salvador, tanto os policiais citados quanto a vítima devem prestar depoimento na próxima terça-feria.
A amiga da vítima não teria sido abusada nem presenciado a ação, já que o crime foi cometido longe de onde os policiais teriam parado a viatura. Após a suposta violência, a jovem retornou ao carro aparentando estar desorientada e com sinais de violência.
A Polícia Militar afirmou, em nota, que os agentes fazem parte do Programa Estadual de Integração na Segurança (PROEIS) e que instaurou um procedimento para investigar o episódio. O comando do 25º Batalhão da Polícia Militar (Cabo Frio) afirmou que está apurando se houve envolvimento do tenente do batalhão, que estava supervisionando o PROEIS no dia do ocorrido. A 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), submetida à Corregedoria da corporação, também acompanha o caso.
A polícia colheu material genético da vítima para tentar identificar a presença de sêmen ou elementos químicos. O resultado deve ficar pronto nas próximas semanas.