POLÍCIA
Justiça condena trio por furto de R$ 3 mi em casa de Ludhmila Hajjar
São Paulo – A 6ª Vara da Infância e da Juventude condenou três adolescentes pelo furto milionário à residência da médica cardiologista Ludhmila Hajjar, em outubro do ano passado, nos Jardins, bairro nobre da zona oeste da capital paulista. Em 2021, a cardiologista goiana chegou a ser cogitada pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para substituir Eduardo Pazzuelo no comando do Ministério da Saúde, mas recusou o convite.
Ao todo, os infratores levaram joias e relógios, avaliados em R$ 3 milhões, além de R$ 70 mil em dinheiro.
Um jovem, de 17 anos, também denunciado pela invasão do condomínio, foi absolvido do furto.
As condenações e absolvição ocorreram em 8 de dezembro. O caso tramita em segredo judicial.
Em depoimento à Justiça, a médica afirmou que, no dia 7 de outubro do ano passado, data do crime, estava em uma viagem no Canadá, onde participava de um congresso, acompanhada de uma amiga, com a qual divide o apartamento.
No dia seguinte, sua amiga , de volta da viagem, constatou o furto. O apartamento, segue o depoimento, estava “todo desorganizado”, com portas quebradas e arrombadas.
“Parte das joias e relógios estava em um criado mudo em seu quarto e outra parte, em um cofre localizado no quarto de hóspedes, o qual também foi arrombado”, diz trecho do depoimento da cardiologista dado ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Até o momento, nenhum dos itens foi recuperado.
O furto
O agente de segurança privada Adilson Pereira Simões Sobrinho afirmou à Justiça, durante o julgamento, ter sido chamado pelo zelador na portaria, por volta das 11h30 do dia do crime.
De acordo com Sobrinho, o controlador de acesso comentou sobre um jovem que havia entrado no condomínio.
Quando o segurança abordou o adolescente, ele afirmou que iria visitar a avó, indicando um apartamento onde, de fato, há uma idosa com netos.
Câmeras de monitoramento, dentro e fora do condomínio, ajudaram nas investigações policiais.
Com base nos registros e em apurações de campo, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) indiciou os quatro adolescentes.
Denúncia
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) acatou o pedido da polícia, denunciando os quatro jovens por atos infracionais análogos aos crimes de furto qualificado e associação criminosa.
Todos os menores já contam com histórico por outros furtos a residência.
“Vê-se que os jovens, em liberdade plena, reiteram na prática de atos infracionais, expondo a si e a sociedade a sérios riscos, circunstâncias concretas que evidenciam a urgente necessidade de afastá-los do meio infracional em que já estão inseridos, impondo-se, ao menos neste período inicial, a aplicação de medida socioeducativa em meio fechado”, diz trecho do pedido de condenação, assinado pela promotora de Justiça Valéria Palermo Capez.
Defesa
O advogado Reinalds Klemps, defensor do adolescente absolvido, afirmou ao Metrópoles que seu cliente foi incluído no caso, pela polícia, por causa da “vasta ficha criminal” que o jovem possui. “Ele praticava furtos a condomínio e mora na mesma região dos outros [adolescentes condenados]. Na denúncia, foi dito que ele esperava do lado de fora, enquanto os outros participavam crime. Provamos que isso não é verdade.”
Klemps disse ainda que a inclusão de seu cliente nas investigações foi “uma atitude desesperada” da polícia, para dar uma resposta rápida ao crime.
“A polícia pegou um aglomerado de pessoas e jogou no mesmo bolo. São [moradores] do mesmo bairro e a polícia pensou: ‘vão responder junto por isso’. Tinha a questão dos R$ 70 mil e R$ 3 milhões em joias”, afirmou o advogado de defesa.
Seu cliente foi absolvido do furto, mas condenado pela associação criminosa, por estar ligado a outros crimes atribuídos ao trio sentenciado pela invasão ao apartamento de Ludhmila.