POLÍCIA
Mãe de garoto morto após agressão em escola diz que família sofre ameaças
A morte do jovem Carlos Teixeira, de 13 anos, após sofrer agressões na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral de SP, abalou profundamente a família, que ainda hoje precisa enfrentar ameaças constantes pelas redes sociais. Em um desabafo, a mãe de Carlinhos, Michele de Lima Teixeira, relatou que segue buscando Justiça pelo filho.
Michele diz que a família tem sido alvo de ameaças através de mensagens desde 16 de abril, quando o garoto morreu. Perfis falsos, sem identidade dos autores, mandam mensagens com teor violento dizendo estar vigiando a família, e fazendo ameaças de morte. Após enviar as mensagens, os perfis são deletados.
A irmã de Michele e a filha do casal também recebem ameaças por mensagens. Os agressores disseram saber onde o pai de Carlinhos trabalha, e fizeram ameaças contra ele, dizendo que a família está sendo vigiada.
Os jovens acusados de agredir Carlinhos são moradores do mesmo bairro da família do garoto. A família precisou se mudar, com medo de serem vítimas de agressões. Um boletim de ocorrência foi registrado na polícia, mas até o momento não se sabe de onde estão partindo as ameaças.
Desabafo e cobrança por justiça
Nas redes sociais, Michele fez um vídeo para desabafar sobre toda a situação e expor as dificuldades que a família tem enfrentado com a investigação do caso. Na opinião da mãe de Carlinhos, houve negligência da direção da escola em apurar o ocorrido, e em evitar casos de bullying na unidade de ensino.
A Polícia Civil apreendeu dois adolescentes de 14 anos, colegas de Carlos, suspeitos de envolvimento nas agressões. A mãe do garoto diz que, até o momento, a família não teve acesso às imagens de câmeras de segurança que flagraram a violência, e que não há um laudo definitivo sobre a causa da morte de Carlinhos.
“O vídeo sumiu. Cadê o vídeo que bateram no meu filho? Porque no primeiro dia meu marido foi lá na escola pedir para a diretora, ela não quis mostrar. Ela apagou o vídeo, é isso?”, diz. “Quer dizer que a vida do meu filho não vale nada. Meu filho foi humilhado na escola e a vida do meu filho não vale nada. Ninguém vai ser responsabilizado. O hospital, os médicos não vão ser criminalizados”, questiona Michele no vídeo.
Segundo a investigação, os suspeitos pularam sobre as costas do menino, provocando dores na coluna. No hospital, ele foi atendido e liberado, mas as dores continuaram. Carlinhos foi levado para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Praia Grande, onde ficou internado até ser transferido para a Santa Casa, onde morreu no dia 16 de abril.
“A minha vida foi destruída. Destruída. A minha casa está abandonada porque a gente não consegue entrar e lembrar do sofrimento que o meu filho passou ali. E vai ficar por isso mesmo?”, desabafa a mãe.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo respondeu que a investigação do caso prossegue pelo 1° DP de Praia Grande. “Os laudos periciais seguem em elaboração e serão analisados pela autoridade policial, assim que finalizados. Dois adolescentes, de 14 anos, foram identificados como os autores e foram encaminhados à Fundação Casa, onde permaneceram à disposição da Justiça”, diz a nota.
A Secretaria de Educação, responsável pela escola onde Carlinhos estudava, informou que a direção da Escola Estadual Júlio Pardo Couto encaminhou as imagens das câmeras de segurança à polícia e segue colaborando com as autoridades responsáveis pelas investigações.
O Terra entrou em contato com a família de Carlos, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. A reportagem também entrou em contato com a prefeitura de Praia Grande, responsável pela UPA, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
Audiência pública
Uma audiência pública realizada na Alesp em 4 de julho teve participação do delegado Alex Mendonça do Nascimento. Ele explicou que a demora nas investigações se deu pela espera do laudo pericial.
Inicialmente, o laudo apontou que a causa da morte de Carlinhos foi por broncopneumonia bilateral. A Polícia Civil pediu relatórios médicos de Praia Grande e de Santos, além de uma investigação ao Conselho Regional de Medicina (CRM) sobre a conduta médica no atendimento ao garoto.