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POLÍCIA

Menina de 13 anos tenta recomeçar a vida após fugir com homem que conheceu em jogo on-line e ser achada em outro estado

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Policiais de MS e PR atuaram juntas para encontrar a menina. — Foto: Reprodução/PoliciaCivil

A menina, de 13 anos, moradora de Campo Grande (MS), tenta recomeçar a vida após ter fugido com um homem e ser localizada em Cascavel (PR), cinco dias depois. Para a polícia, o homem, de 25 anos, confessou que manteve relações sexuais com a adolescente. Segundo a tia da vítima, depois de retornar para a capital de Mato Grosso do Sul, a menina vem passando por mudanças para deixar no passado o que ocorreu.

Em conversa exclusiva com o g1, a tia da menina contou como tem sido a vida da adolescente e o que eles têm feito para amenizar os danos causados pela violência sofrida por ela, após exatos 20 dias dela ser encontradaO primeiro passo adotado pela família foi trocá-la de escola. De acordo com a familiar da vítima, ela não queria voltar para o colégio que estudava.

“Ela estava com vergonha de ir para a escola, falou que não queria mais ir lá e a coordenadora disse que achava melhor [trocar ela de escola], até por causa dos alunos, para não tentarem fazer alguma gracinha ou tirar sarro dela”, disse.
Homem percorreu mais de 600km de Campo Grande até Cascavel com a menina. — Foto: Reprodução
Homem percorreu mais de 600km de Campo Grande até Cascavel com a menina. — Foto: Reprodução

O acolhimento foi o meio encontrado pela família para receber a menina de volta ao lar. “Conversamos bastante com ela. A princípio ela não tinha se dado conta da gravidade do que tinha acontecido, mas a gente recebeu ela bem. Até porque é difícil entender o que se passa na cabeça deles”, detalha a tia da menina.

O passo seguinte adotado pela família foi buscar apoio psicológico para a adolescente. “Vai começar a fazer terapia para ajudar”. A mãe dela foi vítima de feminicídio anos atrás e desde então ela mora com a avó paterna.

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Após a dura experiência, a tia deixa recado para pais, responsáveis e familiares. “Eu falo pra quem tem adolescente em casa para triplicar a atenção, porque eu acompanhava ela, a gente conversava, eu explicava as coisas da internet para ela. Sábado ela conversou comigo, ‘ai, tia, me perdoa por isso que eu fiz, eu pisei na bola”, narra a mulher.

“Eu tenho 39 anos, quando era criança o perigo estava na rua, com quem você andava, mas a internet é frequentada por todo tipo de gente e com todo tipo de intenção. A internet é uma rua movimentada o tempo todo, todo tempo tem gente na internet”, pontua.

Entenda o caso

A adolescente, de 13 anos, desapareceu no dia 28 de abril ao sair para ir à escola. A tia narra que no dia do desaparecimento, a adolescente apresentava comportamento normal, exceto por um detalhe.

Por volta das 5h da manhã, ela pegou um ônibus com a avó, rumo ao centro da capital, onde a idosa trabalha. Como de costume, a adolescente permaneceu no local de trabalho da avó durante a manhã e fez a tarefa escolar. Até que às 12h50 estava pronta para ir ao colégio.

“Ela arrumou a mochila e a minha mãe sempre olha a mochila dela e percebeu que a mochila estava macia. Quando ela abriu, viu que tinha roupa. A minha mãe tirou a roupa e perguntou para ela o porquê ela tava lavando roupa para a escola. Ela disse que tinha confundido e levado as roupas, deu uma desculpinha qualquer”, cita a tia.

Às 17h, a avó estava em frente ao colégio da neta, mas a adolescente não passou pelo portão para encontrá-la. “Minha mãe entrou e a coordenadora disse que ela não tinha ido. […] A gente já foi fazer um boletim de ocorrência depois”, completa a tia.

No dia 30 de abril, a adolescente ligou para a avó. A tia, que estava presente no momento da ligação, relata que a menina estava com voz de choro, mas tranquilizou a família: “ela é muito emotiva, não sei se chorou de saudade ou de remorso”, relata a tia.

“Ela disse: ‘oi, vó, eu estou bem’ ; e quando a minha mãe perguntou onde ela estava ela disse que não podia falar. A gente salvou o número que ela ligou e eu mandei para a polícia”, relembra a mulher.

Após cinco dias do desaparecimento, a adolescente foi encontrada em Cascavel. Em depoimento na delegacia da cidade no Paraná, o homem confessou que manteve relações sexuais com a adolescente. Conforme a Polícia Civil, ele deve responder pelo crime de estupro de vulnerável.

Sinais de alerta

Ao g1, a neuropsicóloga infantojuvenil, Thamires de Oliveira, e a psicóloga infantojuvenil, Micaela Klucznik Vegini, indicaram 4 sinais que podem ser considerados de alerta sobre o aliciamento sexual de crianças e adolescentes, em ambientes virtuais.

As especialistas explicam que qualquer mudança de comportamento que destoe das características habituais das crianças e adolescentes podem indicar algo errado. Contudo, em situações de perigo, eles podem apresentar uma série de comportamentos padrões.

Sinais de alerta indicados por especialistas. — Foto: Arte/g1MS
Sinais de alerta indicados por especialistas. — Foto: Arte/g1MS

1- Agressividade

De acordo com a psicóloga infantojuvenil Micaela Klucznik Vegini, crianças e adolescente que estejam mantendo contato com pessoas suspeitas em jogos on-line podem apresentar comportamento agressivo.

“Geralmente as pessoas que se aproximam com o intuito sexual tentam transformar os pais na pior espécie do mundo, convencê-los de que aquela família não é boa. Isso piora se essa criança ou adolescente tem alguma dificuldade de relacionamento com aquela família. Ele usa aquilo contra eles. Então, às vezes a criança e o adolescente pode demonstrar agressividade, principalmente quando o pai questiona alguma coisa da internet, a criança ou o adolescente vai levantar a voz, vai gritar, vai iniciar uma briga”, cita Vegini.

2- Isolamento

O isolamento é uma característica normal na fase adolescência, apontam as especialistas. Contudo, em excesso, este traço pode indicar perigo. “É esperado que esse adolescente se isole, fique mais no quarto, no celular, mas vamos ver se esse adolescente está saindo com os amigos ou não está, se ele tem algum tipo de comunicação com a família”, orienta a psicóloga.

“O isolamento que eu falo é a criança querer ficar 100% naquele jogo, no celular, no tablet, porque é algo que está chamando muito a atenção dela, então ela se afasta das amizades, não quer mais sair tanto para brincar fora, não quer ir aos lugares que ela gostava de ir. Se é um adolescente, se isola do grupo social, não sai mais com os amigos, só fica ali dentro do quarto, jogando”, completa Vegini.

3- Ansiedade

A psicóloga explica que em contato com estranhos que possam apresentar riscos, a criança e o adolescente que têm orientação e sabe dos riscos desta ação, podem apresentar crises e conflitos emocionais.

“Uma criança geralmente vai demonstrar mais ansiedade com medo dos pais descobrirem. Às vezes começa a roer unha, a ter compulsão alimentar, a ansiedade é um dos pontos que demonstram tanto em crianças, quanto em adolescentes”, detalha Vegini.

4- Sensação de vigilância constante

Outro comportamento que é comum na fase da adolescência, mas que em grande quantidade deve despertar o alerta nos responsáveis é a presença da sensação de vigilância constante nesses indivíduos.

“Quando você está fazendo alguma coisa e tem um senso de que pode ser errado, ela fica muito exagerada. ‘Por que você fica me perguntando isso? Você está desconfiando de mim?’ Cria-se um senso como se o pai e a mãe ficassem vigiando o tempo todo e às vezes isso não está ocorrendo”, explica a psicóloga.

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