Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.
Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

POLÍCIA

Mistério do ‘vidro laranja’ achado na Lua em 1972 é finalmente resolvido

Publicado em

A coleta de material da superfície da Lua durante a missão Apollo 17, que achou as contas de vidro Imagem: Divulgação/NASA

Um mistério de quase 53 anos chegou ao fim: cientistas das universidades Brown, Harvard e Washington, em St. Louis, finalmente descobriram o que era e qual a origem do suposto vidro alaranjado encontrado na Lua pelos astronautas da missão Apollo 17, em dezembro de 1972. Os resultados serão publicados na edição de setembro da revista científica Icarus.

O que aconteceu

Continua depois da publicidade

A missão espacial trouxe para casa amostras coletadas da superfície da Lua, incluindo contas de vidro alaranjadas, algumas com porções mais escuras. A maioria delas tinha menos de 1 mm de diâmetro. Pesquisas da época indicavam que elas poderiam ser tão antigas quanto a atividade vulcânica na área em que foram encontradas, mas não se conhecia definitivamente sua composição (apenas alguns de seus elementos) e seu processo de formação.

Até o momento, a ciência tinha sido incapaz de revelar do que se tratava o material. No entanto, a equipe liderada pelo geoquímico Thomas Williams, da Universidade Brown, pediu a ajuda do físico Ryan Ogliore, da Universidade Washington, e desenvolveu uma estratégia multidisciplinar para desvendar o mistério utilizando o NanoSIMS 50, uma microssonda iônica que pesquisadores de Washington já manejavam com sucesso para estudos de partículas interplanetárias.
Com o seu feixe iônico de alta energia, eles foram capazes de “quebrar” algumas das contas em partes para analisá-las. Eles investiram em técnicas de tomografia por sonda atômica, microscopia eletrônica de varredura e de transmissão, além de espectroscopia de raio-x por dispersão em energia para investigar, com detalhes, a superfície delas. E a sua composição revelou um pouco do passado da Lua.

Continua depois da publicidade

As 74.001 contas de vidro contêm diversos depósitos de nanominerais, alguns que teriam se acumulado ainda em vapor. O principal composto encontrado foi esfalerita nano policristalina, ou seja, há resquícios de zinco, ferro e enxofre na superfície lunar. A análise dos resultados por meio de um modelo termoquímico aponta que esta seria a composição de gás vulcânico do satélite da Terra.

Tivemos estas amostras por 50 anos, mas agora temos a tecnologia para entendê-las completamente. Muitos destes instrumentos teriam sido inimagináveis quando as contas de vidro foram coletadas. Elas são algumas das mais incríveis amostras extraterrestres que temos. As contas são pequenas e imaculadas cápsulas do interior da Lua.
Ryan Ogliore, em comunicado à imprensa

Algumas das contas ainda seriam lava vulcânica que se solidificou instantaneamente no vácuo gelado que envolve a Lua. “A própria existência destas contas nos diz que a Lua tinha erupções explosivas, algo como as fontes de fogo que vemos no Havaí hoje”, afirmou ainda o professor Ryan Ogliore, da Universidade Washington.

Continua depois da publicidade

Cores, formatos e composição química das contas apontam que o interior da Lua seria bem diferente de qualquer coisa encontrada na Terra. Por isso, os cientistas tiveram de tomar cuidados durante a análise —os minúsculos minerais na superfície do vidro poderiam reagir com o oxigênio e outros componentes da atmosfera terrestre —e extrair suas amostras das porções mais profundas das contas de vidro, além de mantê-las protegidas do contato com o ar. “Mesmo com as técnicas avançadas que usamos, foram medições bem difíceis de se fazer”, comentou Ogliore.

Continua depois da publicidade
Propaganda
Advertisement