POLÍCIA
Morto em 2022, Dom Phillips visitou o Acre dias antes de ser assassinado
A morte do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari, após conflitos com garimpeiros ilegais, completa um ano em junho.
Pouco mais de um mês antes de ser assassinado, Dom Phillips visitou o Acre, para conhecer o povo Ashaninka, em Mâncio Lima, no Vale do Juruá. A informação foi divulgada em uma reportagem da Rede Globo, pelos repórteres Sônia Bridi e Paulo Zero, que visitaram o local para ouvir os indígenas que conviveram com o jornalista antes do crime.
Uma das lideranças Ashaninkas ouvidas na reportagem, Wewito, disse que Dom elogiou o trabalho de luta e resistência pela conservação da floresta amazônica, feita pelos povos acreanos.
“É, isso ele falou para a gente, né? Assim, ‘o que vocês fizeram é um exemplo, né, para que vocês possam mostrar isso e dizer que a solução não é não é só derrubar, né? A solução não é derrubar a Amazônia. É porque a gente só acabando, só tirando, só tirando, também o caminho não é isso”, disse Wewito sobre as conversas com o britânico.
Na época da visita, Dom Phillips gravou um vídeo no local da comunidade Ashaninka, onde declarou que queria relatar as ameaças contra indígenas da região. A visita fazia parte do projeto de Dom que viraria um livro sobre suas andanças pela Amazônia. O jornalista ainda subiu o Rio Amônia, para entender como os indígenas vigiavam suas terras.
“As terras indígenas são os locais mais protegidos na Amazônia, todo mundo sabe disso e eu pedi para vir para cá [Acre] para entender como vocês lidam com isso aqui, como vocês se organizam, como é todo esse processo. Eu vim para acompanhar um pouco isso, aprender um pouco com vocês, como é essa cultura, como vocês veem a floresta; como vocês vivem por dentro, como vocês lidam com essas ameaças que vêm de invasores, garimpeiros e tudo mais. Agora estou fazendo um livro para uma editora inglesa, sobre essa questão da conservação na Amazônia, e andando muito na Amazônia, andando com pessoas e uma parte muito importante deste livro é a proteção dos povos indígenas, o protagonismo”, declarou o jornalista no vídeo que foi publicado na página oficial da Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa).
Ao jornal BBC de Londres, na época, o líder da etnia no Acre, Francisco Piyãko, falou sobre a experiência e as conversas feitas com o jornalista.
“É como se tivessem mexido diretamente com a gente, porque ele estava representando a nossa causa, nossa história, disse.