POLÍCIA
Motoboy é ameaçado por cliente com arma de fogo após cobrança por lanche
Um motoboy foi ameaçado com uma arma de fogo por um cliente, que se recusou a fazer o pagamento de um lanche pedido por aplicativo. O caso aconteceu na última quinta-feira, 11, em Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com a polícia, o caso é investigado como ameaça e porte ilegal de arma de fogo.
Em nota, a Polícia Civil informou que o entregador fez a entrega ao cliente, de 39 anos, e, ao finalizar o pedido e retornar para o estabelecimento, o homem pediu o cancelamento da compra e não efetuou o pagamento. O patrão pediu que o motoboy fosse de volta até a residência do cliente para realizar a cobrança, e no local, foi ameaçado e intimidado com uma arma de fogo.
O caso foi registrado como ameaça e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no CPJ Santos. O acusado não foi encontrado para se manifestar sobre o caso.
Ameaça
Em entrevista ao Terra, o motoboy Wilton Fergunson dos Santos Silva, de 22 anos, contou que foi até a residência do cliente, no bairro Marapé, a pedido do patrão, já que o aplicativo não registrou o pedido como entregue. “Eu cheguei lá, pedi um código e confirmei. Só que o sistema não registrou a confirmação, aí eu fui embora para casa, porque era minha última entrega. No dia seguinte, meu patrão puxou o relatório e estava lá o cancelamento”, explica.
Na sexta-feira, 12, Wilton foi novamente até a residência do cliente para cobrá-lo pela compra que foi cancelada após ter sido entregue. “Às 4h40 o cliente entrou em contato com o aplicativo e pediu o cancelamento, dizendo que o pedido não foi entregue. E aí o patrão, na sexta-feira, 8h10, pediu para eu comparecer lá e fazer a cobrança do pedido. Cheguei lá, numa boa, apertei o interfone e falei a seguinte frase: ‘Tem como tu descer para a gente resolver, ou eu vou ter que chamar a polícia?’ Algumas pessoas falaram que eu estava errado porque falei de forma agressiva, mas se eu quisesse fazer alguma coisa contra ele, eu não diria que ia chamar a polícia”, conta.
O cliente, então, disse a Wilton que ele poderia chamar a polícia, porque não tinha cancelado o pedido. O motoboy ligou para o patrão para pedir orientações sobre o que fazer e, enquanto estava no telefone, o cliente apareceu com uma arma de fogo em punho. O motoboy sacou o celular para filmar as ameaças e ter uma prova. “Peguei o celular para me defender e comecei a gravar, porque se não, depois iriam falar que era mentira, que não aconteceu, que estou inventado”.
Ao perceber que estava sendo filmado, o homem guardou a arma e disse: “Está pensando que aqui é favela? Aqui a gente pede e paga”.
“Como se na favela fossem todos ladrões ou golpistas. Estava desmerecendo a classe, sendo que nem na favela eu moro”, disse o entregador.
Depois de fazer a filmagem, Wilton ligou para a Polícia Militar, que foi até o local. Os policiais questionaram o cliente sobre o porte de arma de fogo. Ele teria subido até o apartamento para buscar o documento, mas não retornou. Ele é investigado por posse ilegal de arma. Wilton registrou um boletim de ocorrência no sábado, 12, após seu horário de trabalho.
Manifestação de apoio
Em solidariedade à situação do entregador, diversos motoboys se reuniram em frente ao prédio onde ocorreu a ameaça, para buzinar e fazer barulho, em protesto à forma como Wilton foi tratado pelo cliente, morador do local.
O motoboy disse que não sabia a respeito da manifestação, mas entende que trata-se de uma reivindicação por melhores condições de trabalho para os entregadores. “Eu nem queria que tivesse acontecido a manifestação, só ia registrar o boletim porque o que ele fez ali naquele momento não tem sentido algum. Esse tipo de coisa não é algo que se deve fazer, ainda mais com uma pessoa que está apenas fazendo o seu trabalho”, finalizou.