No despacho inicial, o MP pediu cópia do boletim de ocorrência que a família registrou na delegacia e informações da Secretaria Municipal de Saúde (Semsau) sobre a abertura de procedimento administrativo para apuração dos fatos.
De acordo com o delegado responsável, Leandro Balensiefer, os profissionais de saúde do Hospital Municipal de Ariquemes compareceram de forma espontânea na delegacia para prestar depoimento. O agente funerário que percebeu que a criança estava viva e a avó do bebê também foram ouvidos.
Entenda o caso
No início da semana, uma jovem de 18 anos foi até uma UPA em Ariquemes, com fortes dores e sangramento. A jovem não sabia que estava grávida.
Segundo a secretaria de Saúde do município, Milena Pietrobon, a médica que atendeu a jovem percebeu de imediato que ela poderia estar gestante e passou exames e medicação. Mas segundo a mãe da paciente, o resultado dos exames só iriam sair no dia seguinte e, por este motivo, ela e a filha voltaram para casa ainda sem saber da gravidez.
Já em casa, por volta de 3h da manhã, a família diz que ela já não aguentava mais as dores e decidiu tentar voltar ao hospital. O bebê nasceu em casa, prematuro.
“Quando eu fui sair de casa para pegar o carro e abrir o portão, ela só gritou ‘tá saindo alguma coisa de dentro de mim’. Foi quando saiu o neném”, relembra a avó.
Quando conseguiram chegar ao hospital, os profissionais de saúde de plantão constataram que o bebê não tinha vida e assinaram o certificado de óbito como “natimorto”. Apesar disso, a avó da criança diz que ouviu ela chorar quando nasceu e considera toda a situação uma negligência médica.
“Fiquei indignada porque eu não vi aquele empenho de ‘vamos tentar salvar a vida dessa criança de qualquer jeito’”, comentou.
“Milagre”
Um agente funerário foi chamado até o hospital para recolher o corpo da criança. Cerca de quatro horas depois, quando preparava o corpo para o enterro, ele percebeu sinais de respiração e batimento cardíaco no bebê e o levou até um hospital.
A secretaria de saúde acredita que a situação é fruto de um “milagre”, que a criança saiu morta para a funerária e de alguma forma voltou com batimento cardíaco.
“Para mim é um milagre. Eu vi a médica falando e ela foi muito clara no desespero dizendo para mim que esse bebê estava morto. A funerária veio pegar e ele estava morto. De alguma forma esse batimento cardíaco voltou”, disse a secretária.
A família defende a ideia de que toda a situação foi causada por negligência médica e por isso decidiram registrar um boletim de ocorrência.
“Eu coloquei a mãozinha e falei ‘gente vocês tem certeza que essa criança tá morta?’ E eles responderam ‘tá morta, não tenho que fazer mais nada não’”, relembra a avó do bebê.
A criança está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI) de um hospital particular do município e responde bem ao tratamento médico. A mãe recebeu alta e se recupera em casa.