POLÍCIA
MS: Policiais usaram carro oficial para traficar 538 kg de cocaína, diz MP
Dois policiais civis usaram, na última terça-feira (5), viatura oficial para traficar 538 kg de cocaína pura, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao crime Organizado) de Mato Grosso do Sul. A droga, avaliada em R$ 40 milhões, foi apreendida em uma casa em Dourados.
O policial civil Alexandre Novaes Medeiros, da 1ª Delegacia de Ponta Porã, está preso em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. O colega de corporação dele Anderson César dos Santos Gomes continuava foragido até esta quinta-feira (7).
O envolvimento de Alexandre e Anderson no transporte da cocaína foi divulgado pelo portal de notícias Campo Grande News. O delegado Lupérsio Degerone Lúcio, diretor do departamento de Polícia do Interior, confirmou à imprensa que havia participação de policiais civis no caso.
A coluna não conseguiu contato com os advogados dos dois agentes acusados, mas publicará na íntegra a versão dos defensores deles assim que houver manifestação.
Promotores de Justiça apuraram que a dupla de policiais estava na viatura e viajava de Dourados até Ponta Porã, cidade vizinha a Pedro Juan Caballero, na fronteira entre Brasil e Paraguai. No trajeto, ambos pegaram um atalho para escapar de possível abordagem da Polícia Rodoviária Federal.
A droga foi deixada no imóvel localizado no cruzamento das ruas Izzat Bussuan e Duque de Caxias, na Vila Rosa, em Dourados. Policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) passaram a monitorar a viatura após ela passar em alta velocidade em uma estrada da região.
Na residência, os agentes prenderam um homem de 37 anos. O Gaeco apurou que ele foi contratado por traficantes para vigiar a carga milionária. Promotores de Justiça receberam informações sobre o envolvimento dos dois policiais civis e avisaram a Corregedoria da corporação.
O vigia dos 538 kg de cocaína, cujo nome não foi revelado, declarou ao ser interrogado que a droga chegou à residência no período da manhã e foi transportada em uma viatura da Polícia Civil de Ponta Porã. Na casa, os agentes também apreenderam uma Fiat Uno.
No retorno a Ponta Porã, os dois policiais foram abordados por homens da Polícia Rodoviária Federal, mas acabaram liberados para seguir viagem, por orientação da cúpula da Polícia Civil. Alexandre acabou preso à noite e Anderson não havia sido localizado.
Droga do PCC
O Gaeco e a Polícia Civil agora tentam apurar agora quem é o dono da droga. As autoridades sabem que integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior facção criminosa do Brasil, controla o tráfico de cocaína na região de fronteira com o Paraguai.
As autoridades investigam se os dois policiais acusados de envolvimento no transporte de mais de meia tonelada de cocaína estavam ou não a serviço da organização paulista, criada em 31 de agosto de 1993 na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, no Vale do Paraíba (SP).
Mato Grosso do Sul, depois de São Paulo, é um dos mais fortes redutos de faccionados do PCC. A região é considerada estratégica por ser rota da cocaína procedente da Bolívia. A droga comercializada é levada para portos brasileiros e depois exportada para a Europa.
Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), o tráfico de drogas é a principal e mais lucrativa atividade do PCC. O Gaeco paulista afirma que a facção criminosa arrecada, anualmente, em torno de R$ 4,5 bilhões apenas com o narcotráfico.