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RIO BRANCO
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POLÍCIA

‘Nunca imaginamos que vai acontecer com a gente’, diz jovem do Acre esfaqueado durante contagem regressiva do réveillon em Copacabana

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O assaltante, que portava uma faca de mesa, não chegou sequer a levar o telefone celular do rapaz

RIO – A expectativa era por conhecer ao vivo uma festa famosa no mundo todo, antes acompanhada apenas à distância, por fotos ou na televisão. Foi o desejo de ver os fogos de artifício mais de perto, aliás, que levou o acreano Kenny de Melo Tejeira, de 23 anos, a descer com a namorada pela segunda vez na noite até a faixa de areia, menos policiada — segundo o casal — do que o Calçadão de Copacabana. Precavidos, os dois deixaram para fazer o trajeto já bem perto do show pirotécnico, que começaria em poucos minutos. Na beira do mar, o sonho deu lugar ao drama: enquanto ocorria a contagem regressiva para a virada do ano, e poucos segundos restavam para o início de 2022, Kenny foi esfaqueado duas vezes por um adolescente que tentou lhe roubar o celular.

Os momentos seguintes, em vez de abraços e felicitações, foram de correria desenfreada aos gritos de “arrastão”. Na confusão, ainda sem compreender ao certo o que havia ocorrido, Kenny se perdeu da companheira, que só conseguiria reencontrar mais tarde, já de volta ao calçadão, enquanto buscava atendimento médico. Com a camisa ensaguentada, acabou auxiliado por um desconhecido, que o amparou.

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— Nós acenamos para um policial que estava sobre uma torre de visualização, mas ele apenas olhou e apontou para uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que estava parada mais ou menos perto, e só. Não fizeram mais nada — lembra o rapaz.

Da ambulância, onde recebeu os primeiros socorros, Kenny seguiu para uma tenda armada na praia, onde médicos contiveram o sangramento e fecharam o ferimento. Em seguida, ele e a namorada seguiram para o Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea. Lá, constatou-se que, por sorte, as duas perfurações — uma na altura do peito, do lado esquerdo, e outra pelas costas, na direção na coluna vertebral — não haviam acertado nenhum órgão nem causado qualquer lesão mais grave. Ele precisou tomar uma vacina antitetânica e teve alguns remédios receitados, sendo liberado por volta de 2h.

O assaltante, que portava uma faca de mesa, não chegou sequer a levar o aparelho. Com o mesmo celular, já mais calmo com as boas notícias sobre os ferimentos, Kenny fez postagens em uma rede social relatando o episódio para tranquilizar parentes e amigos. Até o fim da noite, o vídeo já tinha dezenas de milhares de compartilhamentos e comentários, a maior parte mensagens de alívio ou em tom de alerta: “A verdadeira face da Cidade Maravilhosa”, criticou um. “Não venham para o RJ”, resumiu outro.

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