POLÍCIA
“O que me dói é ter acreditado que ele era uma boa pessoa”, diz mãe de policial morta por ex
A mãe da policial civil vítima de feminicídio lamentou a morte trágica da filha, aos 46 anos, e trouxe lembranças de quem era Valderia da Silva Barbosa. Maria José da Silva se emocionou no velório da agente da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, dizendo que não imaginava que o assassino poderia cometer um crime tão bárbaro. “O que me dói mesmo era acreditar que ele era uma boa pessoa, mas no fundo não valia nada”, lamentou.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e as demais forças de segurança realizaram uma última homenagem à Valderia na tarde desta segunda-feira (14/8), em um cortejo que contou com a presença de familiares e autoridades, como o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar.
A agente foi brutalmente assassinada, aos 46 anos, pelo ex-compaheiro Leandro Peres Ferreira, 46, no banheiro de casa, em Arniqueira, na tarde de sexta (11/8). O feminicida morreu nesta segunda após troca de tiros com policiais militares de Goiás (leia mais abaixo).
Para a mãe da vítima, fica a imagem de uma mulher de fé, guerreira e inspiradora.
“Depois que cheguei aqui e vi essa quantidade de gente que ama minha filha, eu fui falando: ‘Ô, meu Jesus, perdoe por ter reclamando tanto de ter pouco filho. Foi ela que me ensinou a dizer: ‘Fé em Deus, pensamento positivo, tudo de bom que você quiser e desejar acontece’. Só tenho que agradecer a Deus a todo tempo na minha vida que ela passou comigo. […] Eu queria aprender, ir pra escola, e não tive oportunidade. Ela que me ensinou, comprou uma revista e disse pra mim: ‘Vamos, mãe’, dizia. Aprendi a ler e escrever por meio dela”, contou Maria José.
Um cortejo com dezenas de viaturas e acompanhado de helicóptero deixou a Delegacia Geral da PCDF rumo ao cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, por volta das 13h10. Após cerca de 40 minutos, o corpo chegou ao cemitério, onde foi velado das 14h às 16h.
No caminhão do Corpo de Bombeiros que levou o caixão havia duas faixas com os seguintes dizeres: “Val, eternamente em nossos corações” e “Segurança Pública em luto”. A família estava no veículo dos bombeiros.
Troca de tiros
Apontado como assassino da policial civil, Leandro Peres estava foragido desde a última sexta-feira (11/8), quando cometeu o crime. Ele foi encontrado pela PMGO em Porangatu (GO) e teria reagido à abordagem policial. Os militares afirmaram que Leandro estava com um revólver calibre 32.
Ele foi encontrado em uma estrada às margens da BR-153. Após a troca de tiros, Leandro chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros (CBMGO) e, depois, levado ao Hospital Municipal de Porangatu, mas não resistiu.
Facadas
Valdéria trabalhava na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia, e foi brutalmente assassinada, com mais de 64 facadas, segundo laudos preliminares do Instituto de Medicina Legal (IML).
A agente foi encontrada morta no banheiro de casa, em Arniqueira, na tarde de sexta. Este foi o 23º feminicídio registrado na capital do país neste ano, segundo o Painel de Feminicídios do Distrito Federal.