POLÍCIA
Pacientes de comunidades terapêuticas em SP denunciam torturas
Pacientes de comunidades terapêuticas de São Paulo denunciaram agressões, torturas e até assassinato dentro dessas instituições. Locais que deveriam cuidar de pessoas com dependências químicas são apontados como ambientes de crueldade semelhantes aos antigos manicômios.
“Eu estava com dependência de medicação e a minha prima procurou uma pela internet, porque a Kairós é realmente muito bonita pelas fotos”, disse uma paciente, que não quis se identificar, ao programa Fantástico na TV Globo.
“Do portão para dentro, as coisas mudam. Lá é um sistema de cadeia”, relatou. Entre dezembro e março deste ano, ela ficou na unidade feminina da Kairós, contra a própria vontade.
As comunidades terapêuticas são entidades privadas que oferecem acolhimento para dependentes de drogas — muitas cobram pelo serviço.
Uma investigação jornalística revelou que vários desses lugares na Grande São Paulo são semelhantes aos antigos manicômios — e que outros são ainda piores. Há agressões, torturas e até uma denúncia de assassinato.
Em uma das unidades da Comunidade Terapêutica Kairós, por exemplo, imagens mostram um homem sendo agredido por sete pessoas. Em outra unidade, este ano, dois internos morreram.
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Segundo a paciente, além da violência física, as agressões psicológicas também eram constantes. “Dentro da Kairós, ou você entra no sistema, ou você vai tomar gogó”. O “gogó”, citado pela entrevistada, é um golpe conhecido com mata-leão.
A Kairós feminina, onde a mulher diz ter sido torturada, segue aberta, em processo de regularização.
O advogado da Comunidade Terapêutica Kairós afirmou que os envolvidos nos casos foram identificados, os funcionários, demitidos e os nomes, repassados para a polícia.