POLÍCIA
PM réu por matar músico zombou de vítima: “Queria dormir, agora dormiu”
O policial militar Lucas Torrezani, acusado de matar a sangue frio o músico Guilherme Rocha, em abril, em um condomínio de Vitória (ES), debochou da vítima após cometer o crime. De acordo com processo judicial que o tornou réu pelo assassinato, o PM escreveu em mensagens do WhatsApp: “Queria dormir, agora dormiu”, como destaca a juíza Lívia Regina Savergnini, em um dos trechos da decisão.
“Acusado conta com personalidade desprovida de sensibilidade moral, sem um mínimo de compaixão humana, não valorizando o semelhante de forma a ser possível a convivência social, tanto que no dia seguinte ao crime ele se manifestou em um grupo de WhatsApp demonstrando total desapego à vida da vítima Guilherme”, relatou a juíza.
Outra atitude que comprova a frieza de Lucas Torrezani, segundo a magistrada, é o fato de que o criminoso ficou observando o músico agonizar até a morte, com sua bebida alcoólica em mãos, após os disparos fatais.
“A imposição de sua custódia cautelar se mostra necessária para preservação da ordem pública, pois presente a possibilidade de repetição da conduta em virtude do acusado novamente consumir de bebida alcoólica na posse de arma de fogo e, com isso, perder o autocontrole e voltar sua frustração contra outra pessoa por mero desentendimento”, ressaltou.
Entenda o caso
O soldado da Polícia Militar do Espírito Santo Lucas Torrezani, de 28 anos, matou o vizinho, Guilherme Rocha, 37, em um condomínio em Vitória, na madrugada do dia 17 de abril. De acordo com o boletim da PM, militares foram acionados por volta de 3h pela síndica. Quando os agentes chegaram ao local, o acusado estava com a arma nas mãos e, a vítima, caída no chão.
Segundo a síndica, as desavenças eram comuns entre Lucas e Guilherme, sempre por conta das festas até altas horas promovidas pelo policial. No dia do assassinato, a confusão também foi motivada pelo barulho. Por volta das 02h22, o músico foi até o grupo e pediu que diminuíssem o tom das conversas. O acusado chegou a deixar o local com as outras pessoas, mas voltou minutos depois, o que fez com que Guilherme explicasse, mais uma vez, que ele e a família não estavam conseguindo dormir. O policial sacou a arma e o intimidou.
“Nesse momento, o denunciado Lucas, que é policial militar, sacou a arma de fogo que portava consigo e intimidou a vítima dizendo ‘eu sou PM, o que você vai fazer?’, instante em que o denunciado Jordan se aproximou de ambos”, apontou outro trecho da decisão da juíza. Jordan Ribeiro de Oliveira era uma das pessoas que também estavam no local e participou do crime. Ele empurrou o músico durante a discussão, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse. No chão, Guilherme foi baleado.
PM foi liberado na delegacia
Lucas Torrenzani chegou a ser liberado pela Polícia Civil após a autoridade policial entender que não haviam elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante. No dia seguinte ao crime, a Justiça decretou a prisão do acusado, que se apresentou acompanhado de um advogado.