POLÍCIA
Polícia abre inquérito para investigar vereador que criticou baianos
A Polícia Civil de Caxias do Sul (RS) abriu, nesta quarta-feira (1º/3), um inquérito para investigar as falas do vereador Sandro Fantinel criticando baianos e aconselhando produtores gaúchos a contratar argentinos ao invés “daquela gente lá de cima”. O parlamentar será investigado por racismo e convocado a prestar depoimento.
Fantinel atraiu atenção nacional ao usar a tribuna da Câmara Municipal da cidade para comentar o resgate de trabalhadores que eram explorados em condições análogas à escravidão na colheita de uvas na vizinha Bento Gonçalves. O parlamentar questionou a veracidade da denúncia de trabalho escravo e aconselhou produtores da região a não contratar trabalhadores vindos da Bahia e, em vez disso, buscar mão de obra de argentinos.
“Agricultores, produtores vou dar um conselho para vocês: não contratem mais aquela gente lá de cima”, disse, referindo-se aos baianos e se colocando à disposição para ajudar a criar “uma linha” para a contratação de argentinos para o trabalho de colheita de uvas.
“Todos os produtores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palmas. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e no dia de ir embora ainda agradecem o patrão. Agora com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”, disparou o vereador.
“Deixem de lado. Que isso sirva de lição, deixem de lado aquele povo, que é acostumado com Carnaval e festa, pra vocês não se incomodarem novamente”, completou.
Repercussão
Além de virar alvo de investigação da Polícia Civil, o vereador foi expulso do partido Patriota nesta quarta.
A direção nacional da legenda soltou nota alegando que o discurso do ex-filiado “está maculado por grave desrespeito a princípios e direitos constitucionalmente assegurados à dignidade humana, à igualdade, ao decoro, à ordem, ao trabalho, já que se referem de forma vil a seres humanos tristemente encontrados em situação degradante” e que “esta situação torna inconciliável sua permanência nas fileiras do Patriota, partido que prima pelo respeito às leis, à vida e à equidade”.